sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Casos Especiais

Em primeiro lugar, vemos um grande avanço até mesmo quanto a forma de se dar nome ao caso, pois o que antes era considerado como: “casos difíceis”, agora vemos como: “casos especiais.” Isso ao meu ver, soa de forma também especial. E especial é exclusivo, singular.
Esse avanço, que poderia ser visto por muitos como tardio, por outra ótica, na verdade pode estar no tempo exato para uma boa preparação, já que há um tempo para cada coisa. Esse é o tempo para se plantar e ao mesmo tempo, tempo para se colher o que alguns outros se anteciparam e plantaram. E mais: esse é o tempo de amar. Esse é o tempo de agir como o nosso Pastor, o Papa João Paulo II, inspirado por Deus, orientou a sua Igreja. Esse é tempo do zelo, esse é o tempo da atitude, da formação, esse é o tempo de valorizar a presença do Cristo no irmão, que antes, julgado por muitos, passa a ser amado, acolhido e convidado para o convívio com os irmãos de fé.
Esse é tempo, como narrei, de se colher. Colher o que o Dom Rafael Llano Cifuentes (Bispo de Nova Friburgo) plantou. Esse é o tempo de colher também o que Padre Luciano Scampini plantou por muitos anos, estudando e refletindo, a partir da Palavra de Deus e principalmente agindo com misericórdia, chamando o casal de segunda união a freqüentar o sacrifício da Missa, perseverar na oração e a cultivar o espírito e as obras de penitência, e em particular, a escutar a Palavra de Deus para conservar a fé recebida no batismo. Portanto, esse é o tempo de colher, mas principalmente de também de agradecermos não somente a Deus por pessoas como Dom Rafael, como o Padre Scampini, da Arquidiocese de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, mas a Dom Amaury Castanho da Diocese de Jundiaí, em São Paulo, a dona Dagmar (de Olaria) que no ano de 1997 começou (mesmo enferma) um trabalho de acolhimento aos casais de segunda união. Ao Padre Carlos Henrique da paróquia de Santa Clara, que em 1998, “ousou” fazer um retiro para casais que “aceitava” casais de segunda união. Esse é o tempo de agradecer pelas palavras de carinho e acolhimento dos padres Fernando Sanches e Alex Coelho, que acolheram principalmente no coração e por algum tempo foram pais espirituais de alguns casais de segunda união. É tempo de agradecer aos freis Doriano e Moacir da paróquia de Santa Rita dos Impossíveis de (Ramos) que junto com casais da Equipe de Nossa Senhora Jorge e Janete, se uniram ao casal (na época) de segunda união William e Linda, e fundaram em 1997 o CCD (Casais Caminhando com Deus) nos mesmos moldes da Diocese de Jundiaí em São Paulo.
A Diocese de Jundiaí, em São Paulo, que diga-se de passagem, no ano de 1993, com grande empenho do seu Bispo Diocesano Dom Amaury Castanho, juntamente com um casal assessor leigo diocesano, João Bosco e Aparecida de Fátima Oliveira, teve uma iniciativa pioneira no Brasil e com um trabalho muito bonito com os casais de segunda União, que foi justamente a Pastoral de Casais de Segunda União, nas vias da Exortação Apostólica Familiaris Consortio, do Santo Padre João Paulo II de 1981.
Dentre suas metas, estava o objetivo de trazer de volta as ovelhas perdidas, acolhe-las, e leva-las a uma concreta experiência de evangelização, onde “também o casal de segunda união contemplaria o Reino de Deus”. Era mais do que necessário levar ao coração ferido do casal de segunda união, o sentir-se amado por Cristo, por sua Igreja e por seus pastores, vivendo na esperança, e em torno do altar de Deus, nas Missas e dias de preceito, para crescer na fé e servir a seus irmãos e à própria Igreja na medida de seus dons e de sua capacidade.
A “fórmula”, ou os meios propostos para se atingir os objetivos foram e continuam sendo:
1) A escuta da Palavra de Deus, através de leitura, reflexão, partilha e vivência.
2) o convite e o incentivo à participação no Santo Sacrifício da missa.
3) A participação e a perseverança na oração individual, em casal, em família e em comunidade.
4) A experiência e a vivência do Amor Fraterno no casal, na família e na comunidade.
5) A partilha dos esforços para o crescimento espiritual do casal e da família.
6) A abertura ao diálogo com o cônjuge, com a família e com a comunidade.
7) A co-participação de suas vidas, exercitando o segredo, o discernimento e o auxílio mútuo.

De um modo bastante simples e eficaz, as reuniões com os ensinamentos baseados na Diocese de Jundiaí e consequentemente do CCD, se promove o OBJETIVO ESPECÍFICO que é levar os casais a uma experiência de acolhimento, abertura de coração e ao sentimento da necessidade de estar a serviço uns dos outros, com MOMENTO DE ORAÇÃO (inicial e no final), tendo ainda a CO-PARTICIPAÇÃO onde se solicita a cada pessoa do Grupo que se manifeste sobre a expectativa com a reunião e como passou os dias que antecederam a reunião. Daí o alimento do céu que é a COMUNHÃO DA PALAVRA, com reflexão inclusive do versículo que mais tocou o coração de cada um.
Antes do término da reunião há sempre um lanche (onde cada leva o que pode) dando o sentido da partilha de bens materiais.
Com o término da reunião, com uma oração final, existe um “trabalho de casa”. Ou seja: um texto para ser comentado na próxima reunião.

Vemos então que as metas e as diretrizes pastorais da Comissão Episcopal para a Vida e a Família – CNBB - são bem semelhantes as que citamos como precursores. A metodologia é basicamente a mesma. Ou seja: a Pastoral Familiar tem como meta uma adequada e constante evangelização da família. Justamente para que, educada no amor, ela possa cumprir, entre outros, os seus deveres gerais, estabelecidos pela Familiaris Consortio, no número 17. A Pastoral Familiar, deseja, na íntegra, levar palavras e gestos de apoio, acolhida, orientação e conservação, sempre animada e impulsionada pelo espírito missionário do Bom Pastor.
O Papa João Paulo II nos lembra ainda que a “Igreja foi instituída para a salvação de todos, sobretudo dos batizados”. E Jesus deixa claro que veio salvar a todos sem discriminação de ninguém.
Portanto, é de suma importância que tudo o que está escrito no Guia de Orientação para os Casos Especiais seja implantado, sobretudo no coração de alguns padres. Mas o grande padre Léo, dizia que amar é acreditar no absurdo, e nosso Deus é o Deus do absurdo. Por isso Ele se transforma, Ele se torna um pedaço de pão e em um pouco de vinho. Por isso Ele chega até o casal de segunda união e se faz um com Ele na comunhão espiritual. Deus é o Deus do absurdo ao se tornar Verbo, Palavra que também alimenta o casal de segunda união. Ainda citando o Padre Léo, ele nos diz também que é preciso ter meta, e quem se acostuma com coisa pequena pode não ir para o céu. Pois o céu é para quem pensa grande, ama grande e tem a coragem de viver pequeno.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Contigo

Contigo

Foste tu, que sem querer me ensinaste
A absorver na alma, o cheiro, o gosto, da tua pele tão macia
Porque um dia, quando não fores tão jovem
Amarei os sulcos, as rugas, tudo, tudo
Tudo que acaso o tempo crie em tua pele, em teu corpo
Esse corpo, essa tua pele, que é tão minha

Foste tu que sem saber me ajudaste
A ser chefe de família, a ser pai, e mais que um pai; um pai amigo
Foste tu que sem notar, me demonstraste
Como a tal felicidade, se constrói bem lentamente
E não se acha pelos shoppings, nas estantes, nas vitrines
Mas se encontra no amor, só no amor

Eu contigo, vi um pouco da minha mãe
Não no amor que só se doa, mas no amor que dá, perdoa
Eu contigo vi que o frio da alma é aquecido no abraço mais forte
E que os sonhos que temos acordados, são bem melhores, partilhados
Eu contigo pude ver não o perfeito, mas que os imperfeitos se completam
E é assim que então me vejo um eterno poeta, pois o teu amor me afetaE eu escrevo e amo sempre, sempre mais.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Guardai-vos dos falsos profetas

Particularmente eu “fico com o pé atrás” quando vejo homens, sejam eles, leigos, padres, pastores, bispos, arcebispos, cheios de si e vazios de Deus. “Fico com o pé atrás” quando vejo alguém parecendo um “santo do pau oco”, cheio de uma falsa moral que não cabe em um peito só. Pelo menos para mim, é fácil detectar (sem cair no pecado de julgar o meu semelhante) que esse ou aquele suposto “homem de Deus” apenas repete palavras bonitas ao vento e às pessoas. Para mim, não é qualquer ventinho que sopra que eu me ponho a seguir. Por isso, vejo que esses homens apenas falam, mas não vivem o que pregam, pois na verdade não desceram da árvore como Zaqueu. E justamente por não terem descido da árvore de suas próprias vidas para se tornarem ramos na verdadeira videira, que é a na verdade, a Árvore da vida, eles continuam a “cobrar impostos”, continuam enganando os corações, principalmente os corações dos mais simples, que contribuem para o enriquecimento desses “vendilhões do templo”, que diferentemente daquele tempo narrado por Jesus, não são expulsos por fazerem da casa do Pai uma casa de negociantes.
O resultado disso tudo, já que não há nada oculto que não venha a descobrir-se, e nada há escondido que não venha a ser conhecido, é que vemos os escândalos sendo estampados nos jornais “até que se prove ao contrário”, ou até que eles “se façam ouvir”, com relação às compras dos luxuosos apartamentos, e das contas bancárias tão gordas como as próprias “panças” desses “lobos gordos”.
Chegam a tal ponto de ludibriarem com a fé, que se aproveitam de um cartão de crédito que pedem fidelidade católica para usarem de uma descarada infidelidade com Deus.
Aliás, certa vez fiquei boquiaberto ao ver um desses “lobos descarados” dando orem ao seu motorista que deixasse o motor e o ar condicionado do carro ligados (o que durou mais de uma hora) para que ao retornar, a temperatura do próprio automóvel estivesse agradável, afinal ele era um homem letrado, de títulos, um homem “escolhido” para ser a voz da Igreja no Rio de Janeiro! Isso ao meu ver se chama infidelidade, principalmente com a viúva pobre que coloca o seu real na coleta!
Esse ato e vários outros atos desses líderes da Igreja, me levam a pensar, que justamente os que deveriam seguir de verdade os passos de Jesus, principalmente na simplicidade, no amor, fazem justamente ao contrário. São os “intocáveis”, são os “sábios”, que com suas respectivas sabedorias, e seus honoráveis títulos, não se esquecem de acrescentar uma empáfia incrível! Isso sem contar que se revestem de uma hipocrisia e de uma autoridade, que não pode vir do céu. Aos meus olhos, eles se bastam, não precisam do Cristo, e mais: vinculam o luxo ao lixo. Hoje, mais uma vez, vejo a Palavra se cumprir, quando diz: “Seus chefes estão como lobos que despedaçam a presa, derramando sangue, perdendo vidas para tirar proveito”. (Sofonias 3, 3)
Porém, nós, os leigos, nós. os pecadores, que descemos da árvore, nós, os “vermezinhos de Jacó”, devemos orar por esses homens, por esses “lobos”, pedir por eles, e crer que a misericórdia de Deus, assim como nos alcançou, os alcance. Nós devemos pedir um novo Pentecostes nesses corações. Devemos pedir a Deus, para que esses “mercenários da fé” se convertam. Devemos pedir para que eles aprendam que oração é justamente orar com ação. Devemos orar para que esses homens continuem com a tradição das orações, mas que tenham antes de tudo intimidade com simplicidade, tenham um diálogo franco e não apenas repetitivo com Deus. Devemos pedir para que esses homens tenham a atitude de Davi quando se arrependeu, e enxergou não somente o seu pecado, mas a sua própria miséria.
Eu da minha parte, já decidi que vou reduzir o meu dízimo. Aliás a maior parte do meu dízimo já se dá ajudando ao irmão que tem fome e também ao que precisa de estudar. Porém se a Palavra de Deus me diz para que eu dê o meu dízimo para o templo, eu o farei. Aumentarei o valor para os mais necessitados, diminuindo o valor para a Igreja. Dessa forma não estarei “sonegando” nada.
Para finalizar deixo claro que o meu Norte é Jesus. Deixo claro que nada me afasta da minha Igreja, nem perseguições, nem humilhações, nem mesmo os maus exemplos que chegam da alta cúpula. O importante é que eu sei o que quero, e o que eu quero é estar com Deus, servindo a Deus, que me aceita, mesmo na minha insignificância. Pois o saudoso padre Léo me ensinou que é preferível ser esterco nas mãos de Deus do que ser ouro nas mãos do homem.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

O Sagrado Coração de Jesus

O Grupo de Partilha Familiar da Paróquia de São Sebastião de Parada de Lucas, pediu que eu fizesse uma colocação sobre o Sagrado Coração de Jesus. De pronto eu fiz as buscas “on line” sobre alguns escritos feitos por exemplo pelos Papas, Pio XII, Leão XIII, Pio X, Gregório Mágno, Bento XVI, que servem de grande valor como orientação sobre o assunto. Fui ainda pesquisando sobre Santa Catarina de Sena. Li um pouco sobre Santa Margarida Maria Alacoque, sobre as promessas do Sagrado Coração de Jesus às famílias que honrarem o Seu Sacratíssimo Coração, mas no meu coração, Deus foi inspirando, que na verdade eu poderia fazer a colocação no final sobre essas promessas de Jesus às famílias, mas o foco deveria ser o coração sagrado de Jesus que nos ama, nos sonda, nos acolhe, nos dá carinho, nos dá conselho, nos adverte, nos perdoa. Então comecei justamente onde a Bíblia narra que “um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu sangue e água”. (João 19, 34).
Para quem não sabe, segundo alguns poucos relatos comentando sobre o assunto, esse soldado acaba se convertendo ao cristianismo, justamente porque o líquido (sangue e água) saído de Jesus teria respingado em seus olhos, curando-o da grave doença ocular que o afligia. Então ele abandona e exército e se torna um monge cristão que sai percorrendo a Cesárea e a Capadócia (atualmente Turquia). São Longino, ou São Longuinho, como é conhecido no Brasil, mais tarde, por ter abraçado a causa do Cristo, teve seus dentes arrancados e sua língua cortada. No Brasil e na Espanha sua festa é comemorada no dia 15 de março.
Se fossemos narrar todos os lindos relatos sobre o coração sagrado de Jesus levaríamos dias. Mas há alguns relatos muito ricos que trataremos de observar. Como por exemplo: O coração sagrado e profundamente humilde que vai até João Batista, e este diz à Jesus: “Eu devo ser batizado por ti e tu vens a mim! (Mateus 3, 14) Vemos nesse caso a justiça completa se cumprir. Ou seja; através da nova lei, o superior se faz servo.
Vemos ainda o coração sagrado e dono de toda sabedoria para citar nas próprias escrituras todas as respostas, fazendo o diabo ir embora tomando do próprio veneno. (Mateus 4, 1-11) Vemos também o coração sagrado e acolhedor quando Jesus escolhe pessoas simples, pobres pescadores como Simão e André, para que esses sejam seus seguidores. Para que esses homens, e outros tantos, dêem continuidade à obra iniciada por Ele. (Mateus 4, 18-22) Vemos também o coração sagrado e cheio de misericórdia ao acolher, sem julgar, mas apenas amando com seu amor curador pessoas como Maria Madalena, Zaqueu, a samaritana, Levi que depois se torna Mateus.
Vemos o coração sagrado e profundamente atento aos homens de fé, como no episódio do centurião. (Lucas 7, 1-10)
Vemos o coração sagrado e cheio do poder da cura, ao olhar para os cegos, para os leprosos, para mulher que há doze anos sangrava, para os paralíticos, para os possessos.
Vemos ainda o coração obediente ao Pai em todas as coisas, e a própria mãe, como no episódio das bodas de Caná .
Vemos o coração sagrado de Jesus repleto de perdão, ao olhar para Pedro no pátio do Sinédrio, após o mesmo tê-lo negado por três vezes, mesmo tendo sido avisado antes. Vemos o mesmo coração sagrado repleto de perdão ainda hoje todos os dias ao perdoar os nossos próprios pecados.
Sendo assim, no coração sagrado de Jesus, podemos na fé, afirmar que se encontra e se manifesta de maneira sublime o amor de Deus para a humanidade.
Termino o texto citando a encíclica “Haurietis aquas” com a qual Pio XII há cinqüenta nos deu um forte impulso ao culto do Sagrado Coração. Cito ainda o Papa Bento XVI que constata que a adoração ao amor a Deus, manifestado no coração transpassado na cruz, é imprescindível para a ida espiritual de todo cristão.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Black out

Vejo um black out na cidade
E a escuridão que enfim, invade
Ruas e praças, os prédios, as casas
As avenidas, e os carros no asfalto
Vejo um black out na cidade
Pó e fumaça, dominam, invadem
Vielas e guetos, e as coberturas
Nos endereços dos “nobres mais pobres”
Mas quem apagou a luz? Quem pôs no escuro essa cidade?
Quem deu a arma ao meliante? Diga, quem “levantou a Boca”?
Mas sempre há luz se temos fé, e a luz dissipa a escuridão
E muda rumos, abre trancas, e resgata vidas
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Os grandes centros, as grandes metrópoles, estão cada vez mais vivendo em um grande black out! E com o black out geralmente já não se enxerga mais nada a não ser vultos, pessoas sem rosto.
E esses black outs se expandiram para os endereços mais nobres. Para os sobrenomes respeitados, rompendo assim fronteiras, misturando classes, transformando tudo em pó, em fumaça.
Porém nos lugares onde não se paga o IPTU, ou que o IPTU é menor, o black out ainda é mais demorado, As autoridades pouco se importam com o tempo que o povo passa na escuridão e a segurança praticamente não existe. O direito é torto, a falta de cultura, a falta de escola, de lazer, de oportunidades, tudo faz com que a escuridão ainda se associe ao medo, e se instale mais fortemente nos lares, e nos corações dos menos favorecidos.
Isso sem contar que a área de risco, justamente pela escuridão que se dá em torno do “suburbano”, acaba tornando tudo mais vulnerável e favorável para que o pobre tenha muito mais sua vida colocada em risco, seja pela bala perdida que geralmente é encontrada no corpo de um inocente, seja pelo automóvel que lhe é roubado e consequentemente trocado por cocaína, maconha, etc.
Isso sem levar em conta que por ser área de risco, os seguros principalmente dos automóveis dos suburbanos se tornam quase que impraticáveis. Daí vemos geralmente os ricos com os suas “máquinas possantes”, pagando menos do que os de “mil cilindradas” dos suburbanos, o que é uma injustiça!
Mas voltando ao foco da mensagem, os black outs têm seus inícios quando o usuário de droga chega para comprar a sua cocaína, o seu crack, a sua maconha.
Os black outs se formam quando o usuário nem se toca de que aquela erva que ele está querendo “detonar” pra relaxar, tirou a vida de algum chefe de família, ou de algum adolescente, ou ainda de alguma criança inocente, seja num assalto que serviu para “levantar a boca”, seja num tiroteio que modificou a rota da droga e que agora ele “aperta”, sem culpa.
Os black outs são formados quando o “filhinho de papai” faz uma “carreira” e joga fora a carreira tão sonhada por seus pais para ele. Daí naquela carreira ele não consegue enxergar o sangue da grávida que foi morta no sinal fechado. Ele não consegue observar que o João Hélio foi arrastado não somente pelos assassinos, mas pela droga. Droga que ele ajuda mesmo sem querer, a colocar nas “Bocas”. Afinal de contas só existe traficante porque alguém compra a droga. Os black outs são formados quando o pobre “fuma”, “cheira” a televisão, a geladeira, a jóia, o vaso sanitário, a pia, o aparelho de som, que o seu pai, sua mãe, seu irmão, sua irmã, sua avó comprou com dificuldade.
Os black outs são formados também de dia, nos assaltos que por estar “doidão” o assaltante assassina o cobrador, sem que este esboce qualquer reação. Os black outs são formados pelos loucos usuários que no afã da droga, assaltam as escolas, e deixam alunos sem aula, na total escuridão do saber.
Os black outs se afunilam na boca de fumo, no traficante, no ladrão, no usuário, no familiar que sempre aguarda por uma notícia, com um sopro de esperança de que seu amado deixou, largou o vício, a “boca”, ou ainda a triste notícia de que seu coração não sabe se vai agüentar.
Os black outs se afunilam na conivência, na falta de decência, na corrupção. Porém quando as pessoas se abrem à Jesus, que é a luz, os black outs, são dissipados, pois a luz brilha nas trevas.
Os black outs são dissipados quando tomamos consciência de que na casa do Pai há sempre um lugar reservado para o filho que se arrepende. Foi assim com o filho pródigo.
Os black outs são dissipados, quando alguém deixa de dizer, simplesmente por dizer: fé em Deus, mas passa na verdade a dizer e a ter fé em Deus, que tudo pode, até mesmo mudar uma realidade de trevas, para uma realidade clara e cheia de luz.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Levar a vida

A falta de tempo e a velocidade do mundo atual está sendo atroz com o romantismo e principalmente com a relação à dois. O trabalho, os valores modificados, a própria internet, estão contribuindo para que muitos casais busquem a solidão, mesmo quando estão sob o mesmo teto. Pesquisas norte-americanas revelaram que a mulher e o homem estão preferindo ficar em frente ao monitor do computador do que propriamente fazer amor! Hoje muitas pessoas, muitos casais se tratam como robôs. Eu tenho essa tarefa, você tem aquela. Eu trabalho e você trabalha, e após o trabalho se tem a noite antecipando outra vez o trabalho. O romantismo, o cinema, o carinho, a flor, o passeio, a palavra para elevar a auto-estima, o elogio, tudo isso ficou em terceiro plano. Daí os divórcios, as separações, as solidões em massa. Hoje vemos casais unidos no papel, solitários, caminhando sempre separados. Parece que um tem vergonha do outro! Um vai lá na frente e o outro lá atrás, como estranhos, jogando no ralo toda a história que fizeram juntos. Daí o início para os adultérios. Grosseria geralmente gera grosseria, insatisfação geralmente gera insatisfação, do mesmo jeito que gentileza gera gentileza. O sofá de casa, cada vez mais está sendo substituído pela mesa de bar. A cerveja, a “loura” está entrando cada vez mais em campo, em substituição a mulher seja ela loura ou não. Porém não são poucas as vezes que vemos a mulher contribuir para que o marido também só chegue em casa bêbado para dormir. Pois muitas vezes ao invés de uma palavra de carinho, de um ato de amor, ela chega com agressões verbais e palavras que não valem a pena se repetir. As tvs, as novelas, também por sua vez ajudam para que os casais não coloquem suas respectivas conversas atualizadas. O futebol com os amigos, sem a presença das esposas, muitas vezes servem de desculpas para os adultérios, e também ajudam, contribuem não somente para que o marido gaste mais, como ajuda ainda a adiar o passeio no shopping, nem que seja para que o casal tome um simples sorvete, e partilhe sonhos, vidas, esperanças. Os elogios do cabelo que ficou bonito, o cabelo grisalho que está um charme, a roupa nova que ficou bem, passou a ser, quando notado, uma reclamação pelo gasto que se fez. Ele pode comprar o tênis novo, mas ela deve adiar a compra do vestido. Ela pode gastar com os remédios da mãe, mas ele não! A verdade é que o amor não é egoísta! O amor não é possessivo! O amor não busca os próprios interesses! E o diálogo é a base da compreensão. Um cede um pouco aqui, o outro cede um pouco ali e a vida segue seu rumo. Surpreenda seu parceiro amiga. Surpreenda sua parceira amigo. Uma calcinha de seda sempre é bem vinda. Uma cueca nova também. Uma música ambiente antes do “show no quarto” é sempre um toque a mais. Um regimezinho faz bem para o corpo, para alma, e para os olhos. Um passeio, um lanche, uma praia sempre ajuda a aguçar e a relembrar os tempos idos. Uma marquinha aqui e ali sempre deixa a libido mais elevada. Uma barba bem feita, além de melhorar a aparência , não machuca. Um cabelo feito, uma unha feita, na verdade não é gasto, mas investimento. No mais, é brincar de caça e caçador. No mais é viver a vida, diferentemente do que o Zeca Pagodinho diz: não deixar a vida levar, mas levar a vida.

Qual caçador

Quando caminhas, meus olhos te seguem
Qual caçador que observa a presa
E eu testemunho o charme e a beleza
Sentindo o cheiro, tua marca, no ar

Transpiras vida, e a garra dos fortes
Que sempre luta e bem sabe o que quer
Misto de frágil, doçura e verdade
Sinceridade, que os olhos revelam

E se tu passas eu sempre percebo
E se te sentas eu sempre te fito, e se te deitas eu acho bonito demais
E se tu falas eu paro e observo, e se te calas mesmo assim te ouço
Porque conheço teu jeito, tua pele, e que jeito e que pele!

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Deus é amor

Deus é amor

É triste de ver as pessoas com ódio nos olhos
Impondo à força, com guerras, os seus pensamentos
Com armas possantes, com mísseis e bombas terríveis
Matando as pessoas, e o incrível, “em nome de Deus”!

É triste ver tantas pessoas “pescando em aquários”
E achando-se salvas, por mérito da religião
Os outros são ímpios, só eles são santos e justos
E seguem Julgando, e o incrível, falando de Deus!

Deus é amor, e no amor destrói fortalezas
Abre mares, cura, salva, liberta, nos traz a vitória
Deus é amor, pra que armas, pra que brigas
Pra que ódio, pra que isso, se Deus é amor?

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É impressionante como essa guerra nos países árabes se estende! É deprimente saber que países bem próximos, possuem tanto ódio um pelo outro, e vivendo, ou melhor: morrendo, na chamada “guerra santa”! É absurdamente terrível enxergar crianças crescendo e mesmo quando ainda não “fazem sombra” andarem com armas, soprando ódio pelas narinas, e ainda torcendo para dar a própria vida em nome de uma guerra sem nexo!
Pela tv, há anos nós assistimos de longe, crianças, mulheres, idosos e inocentes sendo dizimados, tendo seus lares bombardeados e infelizmente esses acontecimentos diários já se tornaram quase que normal. Muitas vezes mudamos até de canal, para não ver a barbárie enquanto jantamos, lanchamos, ou simplesmente estamos no aconchego do nosso lar, impassíveis.
A ONU por sua vez, “nada pode fazer”. Os países ricos não tomam partido, e de vez em quando alguém para variar, ganha um “Nobel da Paz”, por ter sujado o sapato, o calçado de terra.
Já na índia, país aliás divulgado e homenageado por uma novela global, o simples fato de alguém ser cristão “com muita sorte” o leva à prisão, pois geralmente o leva à morte. Mas isso a novela não mostra!
Já na Brasil, vemos as guerras de religiões um pouco mais “light”. Vemos principalmente pastores “pescando em aquários”, Vemos claramente a disputa de audiência na tv aberta, onde não é raro se ver um pastor criticando outro pastor (sem dizer o nome para não ser processado), mas criticando principalmente a Igreja Universal (também sem dizer o nome), por não ceder espaço principalmente para as outras denominações na emissora do Edir Macedo. Isso quando não começam com a mesma ladainha contra a Igreja Católica, dizendo que é adoradora imagens, de Maria etc.
Com toda essa realidade triste, posso deduzir que mesmo essas pessoas sabendo que Deus é amor, elas preferem conquistar almas na marra, na imposição. Sendo assim acabam pregando não o nome de Deus, Jesus, Javé, Jeová, Emanuel, Gadesh, Buda, Maomé, mas pregando o ódio que é do inimigo de Deus, o próprio diabo.
Acredito que as pessoas de qualquer religião, vivessem aquilo que pregam, que acreditam, que almejam para sua vida, o mundo não viveria em guerra. Acredito que se as pessoas olhassem de fato para suas próprias vidas e buscassem viver o que aprendem seja na Bíblia, Alcorão, ou Torat, o mundo não seria o que testemunhamos. Poucos com muito e muitos sem nada. Poucos bilionários “sem herdeiros”, e muitos miseráveis herdando a morte e a miséria.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

É como uma orquestra de viola

Qual cheiro de terra molhada o teu cheiro possui assinatura
Qual lua que brilha na serra, teus olhos refletem o interior
Qual pingos de chuva ao telhado, o teu caminhar é feito canção
Ensaiada, sincopada, é como uma orquestra de viola

Qual brisa da tarde que chega já antecipando o anoitecer
Qual onda bem mansa na praia jogando respingo, em noite calma
Qual pêssego, pêra macia, tua pele, tua fala, é poesia
Recitada, sincopada, é como uma orquestra de viola

Qual livro de Pablo Neruda, qual linda pintura de Monet
Película de Charles Chaplin, como sinfonia de Chopin
Poema de Carlos Drumond, onde tu és a própria inspiração
Retratada, sincopada, é como uma orquestra de viola.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

M Ã E

Retratar a mãe para mim, é muito mais do que retratar um ser genitor. É muito mais do que retratar um amor sem interesses. Retratar a mãe pra mim, é nada mais nada menos do que retratar aquela que foi comparada pelo próprio Deus no livro de Isaías. (44,2). E é lindo ver o Autor Sagrado, se valer do amor de mãe para explicar com mais clareza o que é na verdade o Amor de Deus.
Mãe é aquela, que se preciso for passa fome, e para que seus filhos não fiquem preocupados e tristes, ainda é capaz de dizer que já fez um lanche na rua, que já comeu. A sua visão, a sua maneira de se dar por inteiro, a faz capaz de não deixar nada de nada para si mesma.
Mãe é aquela que gera, primeiro no coração e depois no ventre (ou não). É também aquela que amamenta o corpo do seu filho com o leite sagrado que chega do néctar da própria alma. É aquela que não somente alimenta, mas protege seu filho com a garra da guerreira ferida.
Mãe é aquela que é xingada mesmo sem ter culpa nenhuma de ter um filho árbitro de futebol, de ter um filho que faz “barbeiragens” no trânsito, de ter um filho que não por culpa dela muitas vezes, age sem escrúpulos.
Mãe é a sábia, a doutora, a enfermeira, a dentista, a analista, a ouvidora, cuja faculdade muitas vezes foi feita na vida (que não dá diploma). Mãe é a cozinheira, a empregada “sem salário”. Mãe é a bengala, o ombro forte, a que antecipa, a que intercede. Acredito que toda mãe possui um pouco de Maria Santíssima. Acredito que toda mãe que verdadeiramente é mãe escuta Deus dizendo quando o filho ou a filha nasce (mesmo se adotado): Mulher, eis aí o teu filho! E ela acolhe o filho, acolhe a filha. Acolhe como a própria Virgem acolheu e ensinou a Jesus, a crescer em sabedoria e graça. Acredito que essa é a maior missão da mãe.
Mãe é aquela que, quando humilhada, se vê nutrida por esperanças. Mãe é aquela que suporta as ingratidões, a falta de agradecimento, e mesmo assim nada a impede de seguir lavando, limpando, cozinhando, ajudando. Afinal de contas uma mãe é para cem filhos, porém cem filhos não pagam o amor, a gratidão, o afeto, o empenho de uma mãe.
Mãe é aquela que enxerga de um modo que só quem engravida entende. E toda mãe possui um perfume inconfundível. É assim também no mundo animal. E acredito que esse perfume inconfundível é justamente porque toda mãe transpira Deus.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Hier encore

Ouvindo a canção Hier encore, do grande cantor e compositor francês Charles Aznavour, e mergulhando na tradução da própria canção, eu não pude conter algumas lágrimas, nem tampouco conter a “viagem” através do tempo. Sendo assim, me enxerguei com vinte anos. Enxerguei então meus erros, meus acertos, me olhei no passado com medo do futuro, com as incertezas que certamente um jovem pobre com vinte anos, traz no peito.
O detalhe, é que diferentemente da letra da canção, eu nunca brinquei de viver, mas como na canção, eu também fiz muitos projetos que ficaram no ar. Eu também desperdicei muito do meu tempo, eu também criei alguns vazios em torno de mim. Ainda como na canção, eu imobilizei sorrisos e congelei meus choros algumas vezes.
Nessa “viagem” ouvindo Hier encore, eu pude rever vários momentos de tristezas e alegrias, mentiras e verdades, loucuras boas e loucuras ruins. Pude ver sem esquecer da ótica do perdão, os traumas e feridas, os que fiz e os que fizeram em mim. Eu pude ver ainda agressões verbais que me fizeram e que eu também fiz.
Pude ver o filho que não fui, mas que gostaria de ter sido. Pude ver o pai que eu não fui, mas que também gostaria de ter sido. Pude ver o irmão, o amigo, o marido, o ser humano que mesmo longe dos meus vinte anos, ainda não sou.
Hoje, como bem diz a letra da canção, além de algumas rugas na fronte e com medo (não do tédio, mas da própria vida); eu busco errar menos do que quando eu tinha vinte anos. Com o tempo, aprendemos que não devemos desperdiçar o tempo. Afinal de contas, Hier encore, j’avais vingt ans, ou: ontem ainda eu tinha vinte anos. O tempo passa muito ligeiro! E como algumas esperanças, o tempo também bate as asas e nos deixa olhando para o céu com o coração posto na terra.
O mais importante, é que assim como o filho pródigo, eu tive tempo de refletir e voltar à vida. Eu pude refletir e agir como o filho pródigo, como o marido pródigo, como o pai pródigo, como o irmão pródigo, que do melhor e do pior tirou alguma coisa de lição, não para petrificar sorrisos e congelar choros, mas para chorar, sorrir, e recomeçar sempre que preciso.
O mais interessante de tudo é que tenho a convicção de que não posso ficar estático, olhando para os meus vinte anos que tinha ainda ontem, mas o que posso fazer é acreditar em Deus, que em Deus, o amor que trago no peito, a vontade que tenho de acertar, me fará alguém melhor amanhã, para quem sabe daqui há vinte anos eu muito mais feliz ainda diga: ontem ainda, eu tinha quarenta anos, cinqüenta anos, sessenta anos!

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Obrigado Amigos

Obrigado Amigos

Vemos o mundo, a mídia, celebrando um dia, uma data para várias coisas. Temos o dia das mães, o dia dos pais, o dia das crianças, o dia das bruxas (o que sinceramente acho ridículo, pois é uma tradição norte americana e não tem nada vezes nada que se encaixe com as nossas tradições). Temos ainda o dia dos mestres, dos professores, temos o dia dos santos e de todos os santos, que também acho um absurdo fazer todo o país parar por causa disso, e para não alongar tanto o texto, temos o dia do amigo.
Bacana, celebrar o dia do amigo, mas o dia do amigo, assim como o dia dos pais, o dia das mães, é todo dia! O amigo é uma espécie de auxiliar do nosso anjo da guarda, é um confidente, uma espécie de ombro, de bengala, de lenço que enxuga as nossas lágrimas. Enfim o amigo é o que nos procura e também o que procuramos justamente porque sentimos ventura em nos ver ou vê-lo, em nos ouvir e consequentemente ouvi-lo.
O amigo nos conhece pelo olhar, pela voz, pela forma da sombracelha “que não está no lugar”. O amigo é o companheiro, é o guerreiro, é o que diz as verdades não para ferir, mas para edificar. O amigo é o que conta piadas, que divide as risadas e lágrimas, é o camarada que “sacaneia”, “tira um sarro”, sem jamais invadir o território que está além do nosso peito. O amigo é o que caminha junto, o que pára junto, o que não mede esforços nem distâncias para estar presente quando se faz necessário. O Autor Sagrado nos diz que “o amigo ama em todo o tempo, na desgraça, ele se torna um irmão”. (Provérbios 17, 17) O Autor Sagrado ainda nos diz em forma de promessas: “um amigo fiel é um remédio de vida e imortalidade; quem teme ao Senhor achará esse amigo”. (Eclesiástico 6, 16) O mesmo Autor Sagrado ainda nos orienta: “Um amigo fiel é uma poderosa proteção: quem o achou, descobriu um tesouro”. (Eclesiástico 6, 14).
Dou graças a Deus de verdade, por Deus ter me presenteado com alguns amigos. Alguns inclusive Ele já chamou ao seu convívio no céu, (acredito até que é porque o céu precisava de mais santos para interceder por nós). Outros amigos, a vida por si própria, tratou de afastá-los do meu convívio, mas nunca do coração. Alguns poucos ainda estão sempre, sempre próximos aos meus olhos e coração.
Então, falando de amigo. Aliás, escrevendo sobre o amigo, homenageando e refletindo sobre eles, eu venho expor mais uma vez meus pensamentos e agradecer especificamente a um grande amigo (que certamente não só meu) mas creio de todos. E o interessante é que Ele mesmo disse que não nos chamaria mais de servos, mas de amigos, pois nos deu a conhecer tudo quanto ouviu de Seu Pai. (João 15, 15)
Falando de amigo, faço dessas letras que escrevo, uma homenagem ao meu maior amigo, que me compreende, não me abandona mesmo quando erro, mesmo quando peco. Me acolhe, sara as minhas feridas, trata das minhas lepras, das minhas misérias e sabe mesmo sem que eu fale (de todas elas). Esse meu amigo, retirou minhas algemas, quebrou as grades que me prendia, com o preço de sua própria vida.
Falando de amigo, mais uma vez agradeço ao Bom Pastor, ao Mestre dos mestres, ao Justo que nos justificou na cruz, e que ressuscitou, vencendo a morte para que eu e os seus amigos tenhamos a vida eterna.
Antes de finalizar o texto, agradeço aos meus amigos por me aceitarem, por me amarem, por partilharem comigo, sonhos, planos, vidas, passados e futuros. E agradeço a Deus, por colocar amigos no meu caminho.
Obrigado meu Deus. Ao Pai, por dar a vida e me atrair ao Filho. Ao Filho, por me justificar na cruz e por me chamar à intimidade. Ao Espírito Santo, por viver dentro em mim, me inspirando, me movendo, sendo o dínamo que move dentro do meu peito. Obrigado, meus amigos.

Arnóbio Moreira

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Foi ontem

Foi ontem

Foi ontem, ao te ver correndo, ao ver teus cabelos ao vento
Eu vi como o tempo é ligeiro, foi ontem que eu te vi nascer
Foi ontem, em meio às chupetas, fraldas, sorrisos, caretas
Que vi os seus primeiros passos, ouvi as primeiras palavras, enfim

Por que o tempo passa assim tão ligeiro?
Por que filhas crescem meu Deus?
Por que as bonecas não são tão amigas e deixam as meninas de lado?
Por que filhas crescem, pra que filhas crescem? Perdoa, egoísmo é pecado!

Foi ontem, ao te ver estudando, bem séria, tão compenetrada
Lembrei dos primeiros cadernos, dos livros, das folhas pintadas
Foi ontem, catavas conchinhas, brincavas na areia da praia
Foi ontem, é o passado presente, presente de Deus que me escapa, enfim

terça-feira, 14 de abril de 2009

Os teus lindos olhos castanhos

Os teus lindos olhos castanhos

Os teus lindos olhos castanhos, de pronto, chamam sempre a atenção
São como noite de lua cheia com serenata e menestrel
Os teus lindos olhos castanhos, falam coisas mesmo quando te calas
São como um livro de poesia, transmitindo amor, alegrando a vida

Os teus lindos olhos castanhos, de longe, o brilho atrai meu olhar
São como estrelas em noite clara, são como as ondas beijando o mar
Os teus lindos olhos castanhos, que enlevam quando falas da cria
São como as flores na primavera, encantam poetas e os seres normais

Os teus lindos olhos castanhos, sinceros, são como um blues
Expondo sentimentos de amor, de dor ou de alegria
Os teus lindos olhos castanhos, retratam um tango argentino
Com Bandonéon e violino, e são sensuais por demais.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Em Cristo, nós somos família

Em Cristo, nós somos família
Efésios 2, 13-20 – Atos 2, 1-13

Saiba que a sua alegria é a minha alegria
Saiba que a sua tristeza também me contagia
Sorrisos e abraços, tristezas e lágrimas, melhoram se são divididos
Por entre irmãos e amigos, que são um em Cristo Jesus

Em Cristo, nós somos um só, com um só sentimento em comum
Com as marcas e dores, com cantos e cores, com o cheiro das flores do céu
Em Cristo, nós somos família, o sangue é o mesmo da cruz
E o Espírito é o de Pentecostes, que nos une no amor.


Arnóbio Moreira

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É interessante como ultimamente vemos tantas conversas de tal ministério, tal banda, tal movimento dentro da Igreja, querer se tornar Comunidade ou Fraternidade!
Padre Alex Coelho, (aliás quantas saudades das homilias, quantas saudades do amigo, do padre, quantas saudades!) Mas como narrava, padre Alex Coelho, fala que o difícil não é começar um trabalho dentro da Igreja, mas o difícil é perseverar no trabalho dentro da Igreja. As pessoas, principalmente as pessoas que estão à frente, devem ter liderança em Deus, ouvindo sempre atentamente o próprio Deus, com preocupação em ser exemplo para os demais companheiros, sem ser pedra de tropeço.
Comunidade ou Fraternidade se vê nas ocasiões de dificuldade e não quando se reúnem para uma “oração marcada”. Comunidade ou Fraternidade se enxerga é quando determinado membro não possui dinheiro para fazer uma pequena festa que seja de aniversário para ele ou para o filho ou filha, e a comunidade se preocupa, se cotiza para justamente ajudar na alegria dele, do filho ou da filha daquele irmão em Cristo. Comunidade se observa, quando mesmo sem precisar, os irmãos percebem (sem precisar de fofocas) que começou a faltar o alimento na despensa do fulano ou do cicrano. Comunidade se demonstra quando um casal ainda não percebeu que seu casamento não segue “nos devidos padrões” e os irmãos já oraram (de novo sem fofocas) e já marcaram um encontro de casais para que o casal o faça. Comunidade é isso, comunidade é a comum unidade na alegria, na tristeza. Comunidade é sorrir com o sorriso do outro, é chorar com o outro, é aconselhar sem humilhar, é amar simplesmente amando.
Sem querer julgar, mas apenas observando, faço das palavras do padre Alex, as minhas palavras. E oriento às futuras comunidades e fraternidades que para ser comunidade ou fraternidade é preciso perseverar na doutrina dos apóstolos, nas reuniões em comum, na fração do pão e nas orações. E um detalhe é ainda primordial: a união. (Atos 2, 42-47)

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Sobre a "Carta de Dom Helder Câmara"

Sobre as reflexões de Dom Helder Câmara

Circula na internet, notícias sobre um livro psicografado com reflexões de Dom Helder Câmara.
Respeitando a fé de muitos irmãos, gostaria de baseado no Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas, dizer que não acredito na veracidade do fato. Mesmo com o livro afirmando que tenha a participação de um monge beneditino, teólogo e que no caso, foi secretário do bispo e arcebispo emérito de Olinda e Recife.
Começando como citei, pelo Evangelho de São Lucas, na parábola do rico e Lázaro, vemos Jesus afirmando que, “além de tudo há entre nós e vós um grande abismo, de maneira que, os que querem passar daqui para vós não o podem, nem os de lá para cá”. (Lucas 16, 26)
Dando continuidade ao pensamento, a Bíblia nos orienta: “Não vos virareis para os adivinhadores e encantadores; não os busqueis contaminando-vos com eles. Eu sou o SENHOR vosso Deus. (Levítico 19: 31). E ainda: “Não se ache no meio de ti quem faça passar pelo fogo seu filho ou sua filha, nem quem se dê à adivinhação, à astrologia, aos agouros, ao feiticismo, à magia, ao espiritismo, à adivinhação ou à invocação dos mortos, porque o Senhor, teu Deus, abomina aqueles que se dão a essas práticas, e é por causa dessas abominações que o Senhor, teu Deus, expulsa diante de ti essas nações. Serás inteiramente do Senhor teu Deus. As nações que vais despojar ouvem os agoureiros e os adivinhos: a ti, porém, o Senhor, teu Deus, não o permite.” (Deuteronômio 18, 10-14) “Assim morreu Saul por causa da transgressão que cometeu contra o SENHOR, por causa da palavra do SENHOR, a qual não havia guardado; e também porque buscou a adivinhadora para a consultar”. (1 Crônicas 10:13).
Por essas e outras, mesmo amando e tendo amigos e parentes espíritas, não posso me calar meneando a cabeça afirmativamente e deixando passar a verdade. Se por acaso eu me calar, as pedras podem falar no meu lugar, e eu não sou menos que pedras, afinal sou mais que pássaros, sou mais que pedras, sou filho adotivo de Deus.
Mesmo admirando o trabalho social que nossos irmãos ditos de “mesa branca” fazem com o social, eu me nego a compartilhar da credibilidade de que um arcebispo morto em 29 de agosto de 1999, tenha escrito qualquer coisa que seja após sua morte. Creio sim, que os seus ensinamentos, sua vida, foram exemplos de santidade e que ficaram sim, após sua morte.
Infelizmente posso antecipar não como “adivinho”, que futuramente mais pessoas, como: padre Léo, padre Carlos Henrique, Irmã Dulce, e tantos outros que já foram ter um encontro com Deus, “usarão as penas mediúnicas” o que na verdade é uma pena!
Finalizo dizendo aos irmãos, principalmente aos que acreditam na “carta de Dom Helder, que se firmem nas cartas de Paulo, nas cartas de Pedro, nos livros da Bíblia. Finalizo dizendo que os amo, e que não sou o dono da verdade, sou apenas um pecador que busca a verdade no único caminho, verdade e vida, que é Jesus Cristo.

terça-feira, 24 de março de 2009

Guerreiros de Deus

Guerreiros de Deus


Quando um servo por acaso não vai à missão
É qual terra, qual cimento, qual areia
Qual tijolo que faz falta, enfim, à obra
Só que Deus, é na verdade, o Construtor

Quando um servo por acaso deixa de servir
Outros servos vêem o campo mais pesado
Mas guerreiros mesmo fracos são guerreiros
E valentes, dão a liga para o Construtor

Sejamos fiéis a Deus, que conta com o nosso sim
Fujamos da tentação, há um reino a se construir
Não importa o chamado, mesmo enferrujados
Nós somos os tubos, guerreiros de Deus.

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É porque formamos um só corpo, é porque somos membros uns dos outros, é porque Deus não erra, (portanto não errou quando nos escolheu), que precisamos mudar as nossas atitudes de servos escolhidos. É porque somos família, é porque somos irmãos, é porque somos chamados (ao invés das pedras) para anunciar o reino de Jesus, que devemos rever diariamente o nosso sim, que não foi dado para qualquer um, mas para o próprio Deus.
A Igreja para realizar a sua missão, precisa de servos, de ministros de Deus, levando a salvação até os povos. Para isso é necessário que existam pés, mãos, braços e corações unidos como sarmentos (caule lenhoso) à videira, que é Jesus.
Um aspecto que deve ser observado e que ultimamente tenho visto que as pessoas têm deixado de lado, é que devemos servir, e não nos servirmos do nosso ministério. Pois o nosso dever, antes de tudo, é somar na construção.
E a construção começa com um bom alicerce quando nos abrimos aos frutos do espírito, que são: a alegria, a paz, a paciência, a longanimidade (coragem, firmeza de ânimo), a doçura, a temperança (sobriedade). A construção continua quando somos claros, sem máscaras. Quando não falamos do irmão por trás, mas francamente, de forma adulta, buscando a verdade na própria verdade que é o Cristo, nós o orientamos, o corrigimos no amor, para que a unidade que traz a paz, seja constante.
A construção do reino, também passa pela humildade, já que somos apenas canais, nada mais. Segue com vida de oração (pessoal e comunitária). E continua seu trajeto no respeito, no amor ao irmão. Afinal de contas todo serviço deve produzir a fraternidade. Aliás, fraternidade não se demonstra com tapinhas nas costas, com abraços gélidos, com sorrisos amarelos, com meros apertos de mãos. Fraternidade é harmonia. A Bíblia diz que a fraternidade dos primeiros cristãos converteu a muitos que diziam: Olhem como eles se amam. Obviamente em todo lugar que há muito amor, também há muito perdão!
A construção do reino continua quando não nos deixamos levar por qualquer “ventinho”. Ultimamente também tenho visto alguns “líderes”, alguns “coordenadores” dizendo o que acham, sem base no Evangelho. Eles infelizmente, sem discernimento algum, estão construindo seus respectivos ministérios na areia e não na rocha. Um autêntico líder, e é claro, um autêntico servo, ministro de Deus tem por Senhor da sua vida, Jesus. Não é qualquer afirmação, qualquer ensinamento, que devemos fazer como vaquinhas de presépio. Devemos no devido respeito, embasados na Palavra, (sem nos deixar levar pela carne) falar com ao própria pessoa, no caso o líder e com as autoridades da Igreja, que aquilo qual está sendo pregado ou ensinado, não condiz com os ensinamentos da Igreja. A nossa fé, (louvado seja Deus), é regida pelo Espírito Santo, que sopra onde quer, mas tem suas bases na própria Bíblia e no Catecismo da Igreja Católica. O que foge desses ensinamentos, são “ventinhos” que com o tempo se perderão em si mesmos. Há pessoas que devem olhar com atenção para o Livro do Êxodo, capítulo 4, versículo dois, quando mostra que o cajado de Moisés se transformou em serpente.
A construção do reino também passa pela partilha. Partilha do alimento do corpo e da alma. É como o episódio da multiplicação dos pães e dos peixes narrado no capítulo seis do Evangelho de São João. O menino possui os peixes e os pães. Notem que ninguém sabe sequer o nome dele. E isso se dá, porque quem faz o milagre é Jesus. Nós, assim como o menino, precisamos apenas estar no lugar e na hora certa, porque Jesus quer precisar de nós, para que colocando à disposição o pouco do que temos, Jesus alimente a todos, e também a nós. Ninguém possui dons para si mesmo, mas principalmente para benefício dos outros. Um planta, outro rega, mas quem faz crescer é o próprio Jesus.
Para finalizar, a construção do reino continua quando, no serviço, no ministério de Deus, olhamos para o último lugar e o queremos de verdade. A construção do reino, continua quando queremos ser apenas servos e nada mais. Para isso é preciso dentre tantas coisas, jogar fora o ciúme, o orgulho, a ação movida pela carne, a falta de compromisso, a preguiça e a falta de oração. Portanto, servos de Deus, valentes guerreiros, sigamos, construindo tijolo, por tijolo, degrau por degrau, a escada que sobe rumo ao céu, para um dia juntos, na misericórdia de Deus, participarmos da grande festa, onde juntos veremos no céu, a glória de Deus. (João 11, 40).

Será que me conheço?

Será que me conheço?

Será que me conheço, no fundo, de verdade?
Será que o pecado mascarou meu próprio eu?
Eu sei que o meu preço foi pago lá na cruz
Com coroa de espinhos, com cravos nas mãos e nos pés do meu Deus

Preciso me conhecer, preciso me converter
Pois me conhecendo, eu acabo vencendo este espinho em minha carne
Preciso me conhecer, pra te conhecer bem mais
Pra eu que eu possa ter a paz, pra que eu seja sal e luz

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Noite dessas, ouvindo uma palestra do Mário Anderson da Banda Novo Viver, pude relembrar de algumas coisas. assim como também pude aprender, com esse grande canal de Deus, sobre o nosso auto-conhecimento. E veio a pergunta que não quis calar: será que nos conhecemos de verdade?
Então pude relembrar que: “se conhecer”, na verdade é se provar. “Saber o gosto de si mesmo”. Sendo assim, se conhecer é saber da própria miséria. Se conhecer, na verdade, é se reconhecer totalmente dependente de Deus, (que na verdade é tudo em nosso nada)! Se conhecer, é poder se olhar sem máscara, sem desculpas, é cuidar para que o espinho na carne não nos leve ao vício de apenas olhar o chão. Se conhecer, é olhar-se totalmente nu para o Cristo e sair do barco, mergulhando, nadando em sua direção, porque Ele já está aguardando com a fogueira acesa, para ali mesmo na fogueira preparada para assar os peixes, curar, e ouvir de cada um de nós, a mesma resposta de Pedro: Mestre, Tu sabes que te amo.
É interessante como vejo ainda nos dias de hoje, pessoas engajadas na Igreja, que na verdade não se conhecem e que acham que se conhecem. Sem perceber, elas acabaram mascarando a verdade para si próprias. É triste, é penoso ver que, algumas pessoas se confundiram com o novo de Deus. O novo de Deus não significa apenas buscar o reino de Deus, mas primeiramente buscar o reino de Deus, que o mais nos será dado por acréscimo. É interessante como ainda vemos pessoas na Igreja, mas sem alegria. É inacreditável observarmos o número de pessoas novas mas com o jeito velho. Pessoas que se esquecem que um dos frutos do Espírito Santo, é a alegria. Porém para se ter alegria, é preciso que se viva com entusiasmo. E entusiasmo significa ter Deus dentro de nós.
Sou testemunha de que muitas pessoas que perderam o entusiasmo, porque no passado, justamente por não se conhecerem, ou não conhecerem a própria família, deixaram brechas com suas ausências, quando “abandonaram suas casas”, dizendo que Deus cuidaria delas, enquanto seus respectivos filhos, esposas, maridos, ficassem sozinhos, porque afinal de contas, eles tinham um chamado, eles tinham que servir a Deus. A conseqüência desse abandono, o resultado dessa “idéia maluca” para muitos e muitos que foram atrás de idéias frívolas, foi bastante triste. E o pior de tudo, é que muitos desses antigos servos, hoje, ainda culpam a Deus, e não a si próprios, por não terem verificado que a primeira Igreja é a doméstica.
A Bíblia também fala do Espírito Santo como força, como dínamo, energia, luz. E entusiasmo é justamente isso. É ter Deus dentro de nós. E se perdemos a alegria e o entusiasmo, é provável que nos afastemos da presença de Deus. E quando nos afastamos de Deus, encontramos o desamor, a mentira, a máscara, o pecado...
É interessante ainda que observemos que Deus observa a nossa conversão não apenas quando levantamos as mãos em sinal de rendição, não apenas quando dobramos os joelhos no chão para rezar. Deus também observa a nossa conversão quando abandonamos os vícios, a droga, o adultério, a prostituição ou as ocasiões de prostituição, mas sem julgar o viciado, o drogado, o adúltero, a prostituta. É preciso ruminar a Palavra para observar que “para os puros todas as coisas são puras. Para os corruptos e descrentes nada é puro; até sua mente e consciência são corrompidas”. (Tito 1,15) Aliás, o próprio Jesus nos disse, que as meretrizes nos precederão no reino dos céus. (Mateus 21, 31)
Se conhecer é olhar para o espelho interior e no reflexo reconhecer-se fraco, miserável e pecador, mas crendo piamente na misericórdia de Deus que é a força na nossa fraqueza. Se conhecer é reconhecer que Jesus jamais nos abandona, pois é da natureza divina insistir e acreditar nas pessoas.
Mas voltando à pergunta citada no início feita pelo Mário Anderson, se me conheço? Digo que é justamente porque me conheço pouco, que sei dos muitos e muitos caminhões de sucata que Deus ainda precisa retirar da minha vida. É justamente porque me conheço pouco, que eu vejo que o muito da minha irritação, do meu “pavio curto”, que tanto me atrapalha na caminhada, deve ser dominado. Mas louvado seja Deus, falando muito honestamente , muito embora eu quase não aja como a Palavra de Deus nos ensina quando nos diz: “não cedas prontamente ao espírito de irritação; é no coração dos insensatos que reside a irritação”. (Eclesiástico 7, 9) ou ainda: “todo homem deve ser pronto para ouvir, porém tardo para falar e tardo para se irar”. (Tiago 1, 19). Mesmo não agindo dessa forma, eu busco de verdade, fazer o que Deus quer quando nos nos diz: “mesmo em cólera, não pequeis. Não se ponha o sol sobre o seu ressentimento”. (Efésios 4, 26)
Renunciando à mentira, falando ao meu próximo a verdade, pois somos membros uns dos outros, (Efésios 4, 23-24) afirmo que se existe algum irmão pensando que guardo mágoas ou ressentimentos, ele se engana! Quando eu digo as verdades embasado na Verdade às pessoas que por acaso me feriram, eu não retenho a falsidade, eu não mascaro o sentimento, eu jogo por terra toda a mágoa e sou curado. Consequentemente não guardo nada me mau no meu coração.
Quanto às discussões que podem haver dentro de cada pastoral, em cada ministério, ou em cada comunidade; em Atos dos Apóstolos, vemos Paulo discutir com Barnabé, Paulo discutir com Pedro (mesmo este sendo chefe da Igreja) (At 15, 1-40) Porém a discussão acaba ali, pois depois vemos Paulo ajudando a Igreja de Jerusalém, quando Pedro vai ao seu encontro pedir ajuda. Mostrando que a discussão, o falar a verdade, muitas vezes é preciso para o próprio crescimento da comunidade.
No mais, sigo acreditando em Deus e em sua Palavra que diz: “Sabemos que nosso homem velho foi crucificado com Cristo, para que seja reduzido à impotência e já não sejamos escravos do pecado”. (Romanos 6, 6) E mais: “justificados pela fé, temos a paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo”. (Romanos 5, 1). E ainda: Se me conheço pouco, tenho muito da convicção de Paulo. Ou seja: sei perfeitamente da minha realidade de pecador, mas quero caminhar buscando as coisas do alto. Quero dizer de coração, assim como o próprio Paulo, citando o profeta Jeremias. “Seduziste-me Senhor, e eu me deixei seduzir” (Jeremias 20, 7).

Mensagem aos Apostolados dos Leigos

Mensagem aos Apostolados dos Leigos

O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que, é específico dos leigos, pela sua própria vocação, procurar o Reino de Deus exercendo funções temporais e ordenando-as segundo Deus... Aos leigos, cabe portanto, de maneira especial iluminar e ordenar de tal modo todas as coisas temporais, às quais estão intimamente unidos, que elas continuamente se façam e cresçam segundo Cristo e contribuam para louvor do Criador e Redentor. (CIC 899)
Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm obrigação e o direito, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra. (CIC 900)
Esse Apostolado dos Leigos, se deu a partir do Concilio Vaticano II, inaugurado em 11 de outubro de 1962 sob o papado de João XXIII e terminado sob o papado de Paulo VI em 8 de dezembro de 1965.
A partir desse rico período, a Igreja deu espaço para os leigos e também avançou no diálogo com outras Igrejas.
Porém muitos leigos despreparados e apegados aos cargos e não aos encargos da Igreja, parecem que se “fecham em copas” e não se atentam que no Concilio Vaticano II, a Igreja abriu as janelas para que entrasse ar fresco, a pedido do próprio Papa João XXIII. Muitos leigos fechados em si mesmos, acabam não buscando a Eucaristia, mas acabam buscando a carestia do eu. Isso geralmente ocorre porque não tiveram uma cura interior que os levassem a enxergar conforme o filho de Timeu depois do milagre em Jericó. Muitos leigos parecem que não aprenderam que a cura interior se dá quando mergulhamos nas águas do Espírito, assim como uma folha se deixa levar pelas águas dos rio.
É justamente por não terem se lançado nas águas do Espírito, que vemos muitos líderes, muitos coordenadores de pastorais, de comunidades, de ministérios da nossa Igreja pondo trabalhos muitas vezes de anos a fio, no ralo. Fui testemunha de alguns grupos, que infelizmente terminaram e de outros que estacionaram, porque suas respectivas lideranças não se deixaram atingir pela cura interior, pois o primeiro sinal de cura interior é justamente a paz. Se a pessoa, principalmente o líder não tem paz, ele ou ela não pode ser um construtor da paz. Aliás a primeira missão de qualquer um que é chamado à liderança, é construir a paz para aquele grupo. Construir a paz de tal maneira, que no futuro, o seu sucessor seja melhor que ele, pois a paz é construída de maneira tal que a ação do Espírito Santo se torna constante, como um moinho ao vento.
Quando digo construir a paz, não estou dizendo que os problemas irão acabar. A paz, na verdade, não significa ausência de problemas! Construir e viver a paz, significa viver e estar sempre sob a ação de Deus. E viver e estar sempre sob a ação de Deus, significa aprender com o Cristo Eucarístico, que para se tornar Pão, precisa que o trigo seja pisado, moído, triturado, assim como sua própria carne foi. E para se tornar sangue, é preciso do vinho, que primeiro tem sua uva pisada, assim como o próprio Cristo foi pisado e humilhado dando seu sangue todo por nós. Jesus Eucarístico nos ensina, que até hoje, o Mestre se coloca no meio de nós, servindo.
Aproveito essa mensagem, dizendo principalmente aos coordenadores de pastorais, aos coordenadores de ministérios, aos dirigentes em geral que, quando Jesus nos comparou com as ovelhas, Ele que é o Bom Pastor, já sabia que as ovelhas morrem facilmente quando não são cuidadas. Quando perdidas não conseguem achar o caminho de volta. Quando feridas, geralmente morrem no mato, pois não sabem voltar para casa. Alguns especialistas afirmam que as ovelhas não enxergam absolutamente nada nitidamente a partir dos dez metros de distância. Sem contar que a ovelha sozinha fica totalmente indefesa, por isso ela precisa do pastor para defende-la do lobo e para que o pastor possa lhe arrumar pastagens.
Peço ainda aos dirigentes e coordenadores, e demais servos de Deus, que escutem a voz da Igreja, e não fiquem embasados naquilo que ouviram, ou no que alguém disse, ou principalmente no que acham. Isso certamente não leva ninguém ao crescimento na fé. Certa ocasião, ouvi um importante ministro de Deus, um cantor da Canção Nova, dizendo coisas que ouviu dizer, em um retiro de música e que foi muito infeliz na sua colocação. Posteriormente (graças a Deus) ele pediu desculpas. Mas e quem não o viu pedindo desculpas? Será que não repassou a informação errada ao seus irmãos?
Para finalizar, digo ainda aos coordenadores, que tenham mais zelo com as ovelhas que o próprio Cristo, o Bom Pastor, coloca em suas mãos. Também digo às ovelhas, que sejam obedientes, e aprendam com afinco tudo de bom que os pastores, embasados na Palavra e inspirados pelo Espírito Santo, lhes venham ensinar. No mais, busquemos servir a Deus com alegria, pois a alegria combate o mau humor. A alegria (que é um dos frutos do Espírito) cura as vaidades feridas, os ressentimentos, as raivas, as humilhações. Padre Léo nos ensina no livro Segredos para a Cura Interior, que quem leva tudo muito a sério acaba se achando importante demais, até mesmo para sorrir e brincar. Só quem sabe sorrir, consegue tomar decisões corretas a respeito da vida.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Escolha de Deus

Escolha de Deus

Eu não fui escolhido por ser bom
Eu não fui escolhido nem por mérito ou beleza
É assim desde de início, é assim desde Abraão
Deus escolhe geralmente os piores

Só que Ele respeita o livre arbítrio, é preciso o sim da nossa parte
É preciso abrir o nosso peito, Ele bate à porta para entrar
Se nós a abrimos Ele ceia, nos unge com óleo lá do céu
Então nossa vida se transforma, já não somos nós, mas Deus em nós

Tu não foste escolhido por ser bom
Tu não foste escolhido nem por mérito ou beleza
É assim desde de início, é assim desde Abraão
Deus escolhe geralmente os piores

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Volta e meia quando começo a escrever, quando Deus me leva a digitar seja o assunto que for, me recordo de determinada pregação do saudoso padre Léo. E não foi diferente com essa poesia, com essa letra acima (qual já coloquei a música), eu mais uma vez recordei de uma pregação, de um livro do padre e “viajei” pensando em como Deus é bom! Como Ele escolhe pessoas que se viam como: o coco do cavalo do bandido, e por pura misericórdia, Ele as transformou em adubo. Porém como o próprio padre dizia, é melhor ser adubo nas mãos de Deus do que ouro nas mãos do mundo.
E desde Abraão, vemos pessoas que se deixaram usar por Deus e tiveram suas vidas modificadas. Tiveram sua vidas transformadas porque disseram sim ao chamado de Deus, disseram sim à escolha de Deus, e confiaram no Senhor, porque”sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são os eleitos, segundo os seus desígnios. Os que ele distinguiu de antemão também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que este seja o primogênito entre uma multidão de irmãos”. (Romanos 8, 28-29)
Vejamos a seguir então alguns exemplos de homens e mulheres que tiveram suas vidas transformadas, começando pelo nosso Patriarca.
Abraão. Vivia em Ur da Caldéia (Gênesis 15, 6) e servia a outros deuses (Josué 24, 2). Entre suas fraquezas vemos claramente a mentira. Aliás, para salvar a própria pele, Abrão permitiu que o Faraó tomasse Sara (sua esposa) como sua mulher.
Sara (mulher de Abraão). Demonstra sua fraqueza ao maltratar sua escrava (que por sua própria idéia) deu um filho a Abraão. Sara também se mostra incrédula quanto à promessa de Deus dela conceber um filho na velhice.
Jacó. Neto de Abraão e Sara, filho de Isaac. Como seu avô, também foi um homem cheio de fraquezas, e também através da mentira, engana seu pai, que orientado por sua mãe recebe a benção que deveria ser dada ao seu irmão Esaú.
Moisés. Sua história fantástica também é marcada por fraquezas humanas. Moisés ao ver um egípcio brigando com um hebreu, mata o egípcio e o oculta na areia. Só que o fato é descoberto e ele foge para Madiã. Outro detalhe interessante, é que Moisés era gago. E Deus escolheu um gago para justamente dirigir sua Palavra ao povo.
Davi. Muito embora rei e ungido de Deus, não resistiu aos encantos de Betzabé, uma mulher muito bonita, porém casada. Davi ainda mandou Urias (marido de Betzabé) para morrer à frente do combate nos campos de batalha.
Maria Madalena. Prostituta do qual foram expulsos sete demônios.
Pedro. Um homem grosso, agressivo, que negou Jesus por três vezes mesmo tendo sido avisado que o faria, antes que o galo cantasse. E mesmo tendo vivido tudo de perto com Jesus, resolveu voltar à pesca, deixando para trás todo um rico ensinamento.
Paulo. Um fariseu que levava suas convicções até os extremos. Foi um dos causadores da morte do primeiro mártir da Igreja, Estevão! Paulo foi um perseguidor dos cristãos de difícil convivência, um assassino frio.
Citei alguns nomes bíblicos (não acusando já que não sou secretário do encardido) mas justamente para mostrar que a Bíblia não esconde a fraqueza de ninguém, nem mesmo a fraqueza de Pedro, que recebeu a missão de ser a pedra que edificou a Igreja de Jesus Cristo. Mas o mais bonito de todas essas histórias é justamente o depois. O interessante disso tudo é que Deus narra na Bíblia a miséria dos seus escolhidos, mas a vitória dos seus eleitos a partir da decisão de mudar de vida. Essas pessoas que não eram santas, que tinham muitas limitações, cresceram em vida, graça e sabedoria e se tornaram servos de todos. (Marcos 9,34-35) Essas pessoas, passaram a ter vida com vida. Cito como exemplo os mesmos personagens citados.
Abraão. Se tornou pai quando tinha 100 anos e por ter confiado no Senhor se tornou nosso patriarca.
Sara. Mesmo na velhice amamentou seu filho, e teve sua purificação no episódio do sacrifício do seu filho Isaac.
Jacó. A luta com o anjo evidencia a necessidade de perseverar. Mais tarde ele vai procurar reconciliação com seu irmão Esaú e renovar a sua pertença a Deus. Antes de morrer teve a graça de abençoar cada um de seus filhos. De sua descendência nasceu o povo de Deus. “O Senhor deu-lhe a bênção de todas as nações e confirmou sua aliança sobre a cabeça de Jacó. Distinguiu-o com suas bênçãos, deu-lhe a herança e repartiu-a entre as doze tribos. Conservou-lhe homens cheios de misericórdia, que encontraram graça aos olhos de toda carne”. (Eclesiástico 44, 25-27).
Moisés. Após a experiência da sarça ardente tem um profundo e maravilhoso encontro com Deus. A partir daí sua vida se modifica. Nesse encontro em que recebe a missão de libertar o povo de Deus, ele passou a não mais ver quem era, mas quem é Deus. Moisés a partir desse ponto ele deixa de ser um gago assassino e brigão e se torna um intercessor. Se torna ainda o interlocutor de Deus. Isso sem contar que pela fé de Moisés, Deus faz o povo atravessar o Mar Vermelho.
Davi. Ao lado de Abraão e de Moisés, Davi é um dos mais importantes personagens de toda a história sagrada. Tanto que Jesus veio da descendência de Davi. Davi recebe um lugar de destaque, por sua importância religiosa e civil. Davi é rei e cantor e compositor de Deus. Davi é o homem dos salmos. Davi foi o ungido que matou Golias, o gigante filisteu. Porém após a queda no pecado que mencionamos acima, Davi nos ensina como devemos proceder, justamente não nos deliciando com a sujeira, mas nos reconhecendo como pecador e mergulhando na misericórdia de Deus. “Tende piedade de mim, Senhor, segundo a vossa bondade. E conforme a imensidade de vossa misericórdia apagai minha iniqüidade. Lavai-me totalmente de minha falta, e purificai-me de meu pecado”. (Salmo 50, 3-4). Davi, dessa forma, arrependido e humilhado mergulha na cura interior quando diz: “Meu sacrifício, ó Senhor, é um espírito contrito, um coração arrependido e humilhado, ó Deus, que não haveis de desprezar. Senhor, pela vossa bondade, tratai Sião com benevolência, reconstruí os muros de Jerusalém. Então, aceitareis os sacrifícios prescritos, as oferendas e os holocaustos; então, sobre o vosso altar, vítimas serão oferecidas.” (Salmo 50, 19-21) E Deus acolhe essa oração honesta, bonita e profunda de Davi. E Davi a partir daí volta a guardar os preceitos do Senhor. Volta a observar as leis, ensinamentos e preceitos de Deus.
Maria Madalena. Os livros apócrifos, os filmes épicos, contam que Maria Madalena já ao ouvir o nome de Jesus, sentiu algo diferente, repensando de pronto em sua vida de prostituição. Mas o grande encontro com Jesus é o ponto forte. O encontro de Maria de Magdala com Jesus é o encontro da transformação. O olhar diferente de Jesus para ela era tudo o que ela buscava! Aquela mulher que fora objeto nas mãos, primeiramente do seu ex-marido, e posteriormente de muitos, dentre eles alguns oficiais do exército romano, se lançou nas mãos e nos pés de Jesus. Aquela mulher também como qualquer outra mulher que sequer tinha o direito de ler, de ter o seu testemunho válido, encontra com a própria vida e se dá agora de maneira diferente, pois dá não corpo mas a alma a Jesus. É importante destacar que após a morte de Jesus na cruz, ela foi a primeira a ter um encontro com Jesus ressuscitado.
Pedro. Sempre que penso em Pedro negando Jesus três vezes, me vejo negando Jesus setenta vezes três, e Jesus me perdoando setenta vezes sete! Mas voltando a Pedro, a fogueira que Jesus fez enquanto esperava os peixes para comer juntos aos pescadores, serviu de cura para a negativa Pedro por três vezes. Pois se foram três negativas, também foram três afirmativas quanto ao amor de Pedro por Jesus. E após a vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos, sobre a Igreja, vemos um Pedro destemido, sempre levando o Cristo, sempre vivendo o Cristo, sempre negando-se a si mesmo e revelando o Cristo, sem medo, com ousadia.
Paulo. Se antes foi um perseguidor dos cristãos, passou a sofrer na pele a perseguição por abraçar a causa do Cristo, por viver o Cristo, por não ser mais ele a viver, mas o próprio Cristo vivendo nele. Paulo mesmo sendo um homem de grande cultura, aprendeu a ser simples e humilde, vivendo do trabalho, aceitando provocações, humilhações e desconfiança até mesmo do povo cristão. Paulo, que significa “pequeno”, com grande coragem se expôs e anunciou o Cristo provavelmente falando além do hebraico, o grego e o aramaico em suas viagens apostólicas. Paulo foi e continua sendo em suas cartas, um evangelizador moderno, que traduz até hoje aquilo que vivemos, aquilo que devemos fazer para seguir o Mestre Jesus Cristo. “Quando aprouve àquele que me reservou desde o seio de minha mãe e me chamou pela sua graça, para revelar seu Filho em pessoa.” (Gálatas 1, 15-16)
Portanto, caríssimos, se não estamos com a cabeça doendo pelo peso da auréola, já é um bom sinal de que somos escolhidos. Padre Léo diz no Livro Buscai as Coisas do Alto, que o que nos impede de chegar a Deus não são os nossos pecados. Pois pelos nossos pecados Jesus morreu na cruz. O que nos impede de chegar a Deus é a máscara que colocamos. Então aproveitemos a escolha de Deus, façamos como Maria, conheçamos a Deus de verdade, deixemos que o Espírito Santo desça sobre nós nos envolvendo com a sua sombra. Fecundemos Jesus em nossos corações. Levantemos depressa e subamos às montanhas. (Lucas 1, 39).

quarta-feira, 18 de março de 2009

Assumir a cura

Assumir a cura

Pra que voltar a andar pra trás, pra que buscar a escuridão?
Pra que buscar tristeza e dor, se a luz de Deus resplandeceu?
Pra que prender-me no meu “eu”, depois ficar olhando o chão?
Pra que voltar às codornizes, se eu já tenho o Pão dos céus?

Eu quero é luz, eu quero é paz, eu quero ser feliz
Quero viver a vida nova, eu quero estar em Deus
Quero assumir a minha cura, eu quero o meu lugar ao céu
Jesus rasgou o véu, libertou-me dos grilhões.

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É curioso, diria até que é inexplicável a maneira como nós, seres humanos, caímos nos mesmos erros! Parece que escolhemos um pecado como se fosse um “pecado de estimação”. Paulo, inspirado pelo Espírito Santo nos ensina que é o nosso “espinho na carne”.
Da mesma forma, estúpida e inexplicável, é a maneira com que enxergamos as curas de Deus em nossas vidas. Pedimos para que Ele nos ajude, nos cure, nos afaste de determinado pecado, Ele age, Ele faz, e passado algum tempo, vamos atrás do pecado, que já estava longe, e o abraçamos e nos lambuzamos, nos sujamos de novo, jogando a cura nos esgotos da vida. E assim conformados com a nossa miséria, vamos caminhando a passos lentos, porque verdadeiramente ainda não nos despimos do homem velho.
Assim, conformados com a “síndrome de Gabriela” que diz: eu nasci assim, eu cresci assim, não escutamos mais uma vez o que a Bíblia nos diz, para que não nos conformemos com este mundo. (Romanos 12)
É interessante observarmos que Paulo quando pede a Deus que Ele retire o espinho da sua carne, Deus lhe diz: “Basta-te a minha graça”. (II Coríntios 12) Portanto é essa graça que devemos buscar, já que somos fracos e temos consciência dessa fraqueza. E assim como temos consciência da nossa fraqueza, também temos consciência de que é justamente na nossa fraqueza que se revela a força de Deus. Não fosse assim Deus não teria escolhido os piores. Aliás o padre Léo dizia quase sempre que: a marca registrada de Deus é que Ele sempre escolhe os piores.
Na minha visão pequena, pobre, e pecadora, porém mergulhada na misericórdia de Deus, consigo enxergar que esse: “Basta-me a minha graça” que Deus nos diz, já é o início da cura interior, tantas vezes pregada e escrita pelo padre Léo. Esse “Basta-me a minha graça” já é o pontapé inicial para que não pequemos quando a vida nos prega alguma peça e “revoltados com Deus” não digamos: o que é um “pum” para quem está todo “sujo de coco”? E é essa cura interior que nos faz assumir Jesus e ninguém mais em nossa vida! E foi essa cura interior que fez Zaqueu parar de roubar. Foi essa cura interior que fez com que ele não se olhasse mais como um “tampinha”, “como um pintor de rodapé”! Foi essa cura interior que fez com que a prostituta quebrasse o vaso de alabastro de perfume caríssimo, quebrando com o vaso, todo um passado conturbado e prostituído. Foi essa cura interior que fez com que o leproso voltasse para agradecer a Jesus por sua cura! E é justamente a cura interior que faz com que vejamos as coisas diferentes e ouçamos o que Zaqueu ouviu de Jesus: “Hoje a salvação entrou na tua casa”.
A cura interior não é algo como um passe de mágica. Jesus não era mágico, nem tampouco um curandeiro. A cura interior também não significa que os problemas terminaram. Os problemas só terminam quando morremos! Aliás, nesse caso eu lembro de um ditado que diz que pobre quando acaba de construir a casa, ela já está precisando de reparos!
A cura anterior acontece quando vemos que somos fracos, e como somos fracos, precisamos de outros irmãos para nos ajudar. É assim que se dá com os animais mais fracos, pois vivem em bandos para se protegerem dos predadores. É assim que se dá com as aves, que voam em bando, e dessa forma, aproveitam o vácuo da ave da frente, e sucessivamente vão mudando de lugar alçando vôos mais longos. O bambu quando novo, deixa que outros bambus cresçam nele, para que mais tarde bem juntos e atados, somem forças contra os vendavais.
Portanto, caríssimos, cada dia deve ser visto como um novo dia. Assim como cada amanhecer deve ser visto como único, novo. Cada segundo é um milagre que não volta mais. Então tomemos posse da cura, principalmente a cura que chega no interior do nosso interior. Não jejuemos enquanto o Noivo estiver conosco! (Marcos 2,18-19). Não continuemos pondo remendo de pano novo em roupa velha! (Mateus 9,16). E não continuemos nos conformando com este mundo, nem tampouco usando a forma do mundo; mas nos deixemos ser transformados pelo Espírito Santo de Deus, para que este sim, nos modele.

quarta-feira, 11 de março de 2009

O olhar de Deus

O olhar de Deus

Muitas vezes, diante do Sacrário, bem pertinho de Jesus Sacramentado, enquanto converso com Ele, enquanto o adoro, enquanto o contemplo, penso no jeito humano e divino de olhar de Jesus. Penso em como exatamente seria o seu olhar intenso, que sem nenhuma acusação mas com profundo amor, acabava curando as pessoas.
Então, no nosso último encontro pensei em como foi o olhar de Jesus, que é a própria fonte eterna de água viva, pedindo água para a samaritana. Pensei também em como aquela ex-prostituta a partir daquele olhar mudou a forma de olhar para si mesma, para a própria vida. Pensei em como Jesus olhou para Zaqueu, e como Zaqueu depois de ter olhado nos olhos de Jesus olhou para si mesmo, olhou para os seus erros e mergulhou não apenas no Justo, mas na justiça. Penso no olhar de Jesus para a mulher adúltera pega em flagrante, e penso no olhar da mulher adúltera vendo Jesus agachado, no mesmo nível dela, curando, amando, e afastando o povo que queria apedreja-la. Penso no olhar de Jesus para Saulo que depois se tornou Paulo, com uma pergunta e um brilho tão intenso que chegou a cegá-lo. Porém depois daquele encontro, daquele olhos nos olhos, aquele homem chegou a afirmar que já não era mais ele que vivia, mas era Cristo que vivia nele!
Mas em todas as experiências narradas na Bíblia, eu não consigo conter as lágrimas ao pensar no olhar Jesus para Pedro, quando este, mesmo depois de ter sido avisado, o acabara de negar por três vezes. O olhar de perdão e de compreensão de Jesus para com Pedro era tão quente de amor que nem mesmo o calor da fogueira que estava perto se compara ao calor, a ternura daquele olhar. O olhar de Jesus é mais do que fenomenal, é divino! Posteriormente, após a ressurreição do Mestre, quando Pedro havia retornado à pesca, Jesus chega à praia e prepara a fogueira para depois mandar que os pescadores jogassem as redes direito, no lado direito! E ali diante de uma fogueira, Jesus ainda sem acusação, mas repleto de amor, pergunta a Pedro (também três vezes) se ele o ama? Diante de uma resposta sincera e afirmativa, Jesus manda que Pedro apascente suas ovelhas. Jesus com seu olhar de perdão, comprova mais uma vez com gestos, que nada tem contra Pedro, e que ainda confia que ele seja capaz de conduzir seu rebanho.
É interessante, e eu já escrevi anteriormente a respeito, sempre que caio, que peco, ao entrar no Sacrário eu demoro a olhar para Jesus. Eu demoro para erguer a cabeça e encarar o Rei dos reis, pois me vejo sujo, me vejo como Pedro negando-o. Porém, após alguns minutos de conversa franca, sem máscaras, o meu coração, junto com os meus olhos espirituais sente fortemente a experiência do que vem a ser o olhar de Jesus, um olhar aquecido justamente por ser acolhedor, um olhar doador, um olhar que sempre perdoa, um olhar de misericórdia, um olhar de Deus.

terça-feira, 10 de março de 2009

Eu sou do tempo...

Eu sou do tempo...

Eu sou do tempo que a palavra já bastava, a amizade era sagrada, e os filhos pediam a bênção para os pais. Eu sou do tempo que o leite vinha em garrafa e a luz da rua era de graça, como a graça na TV.
Eu sou do tempo do Chico City, do Pantaleão, do Silva, do Alberto Roberto. Sou do tempo do Viva o Gordo com Capitão Gay e Carlos Sueli. Sou do tempo do Satiricon, do Balança mas não Cai. Sou do tempo do Golias, do Grande Otelo, dos Trapalhões. Eu vi Costinha, Mazzaropi no cinema, vi Lúcio Mauro recitando o seu “poema das mãos”.
Eu sou do tempo do Rum Creosotado, do Maracanã lotado, mas sem briga ou facção. Eu sou do tempo do Tostão, do Rivelino, do Roberto Dinamite, e tantas vezes vi o Zico com o Mengão ser campeão.
Eu sou do tempo que as compras eram no “prego”. Mas as compras eram pagas, pois palavra e sobrenome eram a extensão do céu. Eu sou do tempo do Bee Gees, da Elis, do Blue Magic, do Stylistics, do Nelson Gonçalves, do Altemar, do Kenny Rogers, do 14 Bis.
Eu sou do tempo da tv em preto e branco, da radio vitrola, das praças com bancos sem spray, sem pichações, tudo limpinho. Eu sou do tempo Repórter Esso, da revista O Cruzeiro com o Amigo da Onça. Eu sou do tempo da Varig, da Vasp, da Status, com a Sandra Bréa na capa, quase vestida.
Eu sou do tempo da Ducal, da Bemoreira, do Fantástico com o Cid Moreira, sou do tempo em que se via desenhos e não essas besteiras que só promovem o ódio e a guerra. Eu sou do tempo do pódio do Ayrton Senna aos domingos, do Oscar vestindo a 14 amarelinha, sou do tempo em que o brasileiro entrava em campo com a camisa doze, jogando contra qualquer país.
Eu sou do tempo em que se aprendia com os pais, cidadania e tudo mais, honestidade com o direito de ir e vir. Eu sou do tempo do amor, da piedade, sou do tempo em que alguém se levantava para dar lugar na “condução” ao ancião ou à gestante.
Eu sou de um tempo quase agora, mas quando chegar minha hora, vai comigo a convicção de que muitas coisas erradas do tempo atual não chegaram a me desvirtuar, ou sobrepujar os conselhos e conceitos aos quais fui ensinado. Conceitos esses que pude também deixar para os meus, graças a Deus!
Sem mais “delongas”, um forte abraço de um quarentão que se fosse cantar a música do Fábio Júnior cantaria...
Eu não abro mão, nem por você, nem por ninguém eu me desfaço dos meus planos, quero saber bem mais que os quarenta e tantos anos.

Não olhe pra trás

Não olhe pra trás
Gênesis 19, 15,17 – Mateus 25, 14ss -

Há quem busque ficar nas planícies
Cultivando mágoas, ressentimentos
Há quem fique no acomodamento
No pecado, na falta de garra

Não olhe pra trás, vá, suba a montanha
Conquiste as coisas do alto!
Invista na vida, supere sua força
Se o céu é a meta, por Cristo, desterre os seus dons!

Há quem busque ficar nas desculpas
Sempre preso às coisas pequenas
O alimento do medo é a culpa
Mas Jesus é dono de todo perdão

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O saudoso padre Léo, no seu livro Buscai as Coisas do Alto, nos adverte que, por causa do pecado, tendemos a ficar parados nas planícies da vida. Na hora da enchente, porém, a planície é o primeiro lugar que se alaga!
Ainda citando o inesquecível e sempre vivo padre Léo, ele diz que, deter-se na planície é permanecer cultivando pequenas mágoas e ressentimentos. O próprio texto bíblico nos ensina um grande segredo para a felicidade: não olhar para trás.
No mundo das coisas fáceis são geradas pessoas enfraquecidas, sem determinação, sem garra, sem coragem, sem metas, sem Norte. O que mais vemos hoje são pessoas procurando empregos mas na verdade não buscam o mais importante que é o trabalho.
Vejo que isso reflete na nossa caminhada cristã. Com o nosso marasmo, com a nossa preguiça espiritual de subir a montanha, deixamos a mídia empanturrar as pessoas, que na verdade tem fome e sede de Deus, com baboseiras, com “Big Brother”, que na íntegra, de irmãos, não tem nada. Vemos as novelas cada vez mais pregando o anti-cristo. E como poderiam pregar outra coisa se o que dá ibope e consequentemente o retorno monetário é justamente a tragédia, o adultério, o lar desfeito, o crime, o homossexualismo? Vemos os programas de fofocas “dando cabeçada” justamente porque o povo está vazio de Deus.
Com a falta de determinação em subir a montanha, vemos muitos irmãos que serviram a Deus no passado, continuarem no passado, seja por causa de pedras de tropeço, seja por causa de esfriamento, seja por muitos motivos fracos ou fortes, mas porque ficaram no passado, deixaremos esses irmãos ainda presos à planície?
Quantos irmãos estão com seus talentos (principalmente musicais) enterrados devido aos percalços que a vida quase sempre traz, e os irmãos da Igreja, também quase sempre sem nenhuma misericórdia, só fizeram a ferida sangrar ainda mais com acusações acompanhadas de dedos firmes, sujos e duros? Quantos irmãos abandonaram a casa do Pai, os braços da Mãe, e como muitos de nós ainda estão enfaixados como Lázaro! Falemos para eles e mais ainda, para nós mesmos: venha para fora!
Não nos convençamos se o irmão dizer que já se tornou cômodo, que já se acostumou a estar fechado em si mesmo, em superar problemas sozinho. Ninguém nasceu para viver só, e Deus quer precisar de cada ser, de cada irmão para que o seu aprisco esteja repleto com as ovelhas que Ele mesmo escolheu. Lembremos que somos membros uns dos outros, e que unindo esforços é que os milagres acontecem.
Lembremos também de que, sempre que tomamos a decisão de subir a montanha, de sair da “cidade do nosso eu”, que nos prende às coisas que nos levam ao pecado, muitas vezes chega alguém para “meter o malho” na Igreja. Só Deus é cem por cento verdade! Lembremos que a Igreja é santa e pecadora!
O ser humano hoje, inclusive muitos irmãos da RCC (movimento do qual também participo dentro da Igreja) diferentemente de alguns anos atrás, estão com tendências de louvar pouco a Deus e na verdade muitos já começam a louvar o inimigo quando murmuram. Vemos na própria Igreja uma espécie de “mistério Hardy”. Quem tem mais de 35 anos com certeza se lembra do desenho da hiena Hardy que nunca ria. Ela era companheira do Leão Lip, e o seu bordão era: ó vida, ó céus, ó azar!
“Salva-te, se queres conservar tua vida. Não olhe para trás, e não te detenhas em parte alguma da planície”. (Gênesis 19, 17)

Arnóbio Moreira

segunda-feira, 9 de março de 2009

Deus grande, imenso

Deus grande, imenso

É muito mais que apenas Pão, que morte, que ressurreição
É um milagre à minha frente mais uma vez
É muito mais que ensinamento, é a didática da Vida
É o Deus que mesmo sendo grande se faz pequeno

Se faz pequeno para entrar em mim e se fazer um só comigo
Se faz pequeno para caber em meu coração
Se faz pequeno no altar, para que meus olhos possam contemplar
A honra, a glória e o louvor de um Deus grande, imenso.
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Esse poema, essa futura composição talvez, começou a ter um “esboço” no último domingo, exatamente na hora do milagre, em que o padre ao falar as palavras “mágicas” e erguer as mãos sobre o altar, toda a Igreja viu o próprio Cristo nas mãos do sacerdote.
“Ruminando” aquele momento até agora, eu precisei “desabafar” mais uma vez no papel. O meu companheiro, o Doce Hóspede da Alma, mais uma vez me fez vir ao computador e partilhar momentos ricos e intensos.
Vejo esse momento muito mais forte do que um “Fazei isto em memória de mim”. Vejo nesse momento no altar, um verdadeiro aprendizado, um verdadeiro ensinamento de se chegar ao Caminho. Pois só se chega ao Caminho se nos olhamos pequenos como realmente o somos. Vejo ainda uma profunda aula da Verdade, pois a verdade é que nada somos, e Deus que é tudo em todos, se faz humilde. Vejo ainda uma profunda didática da Vida, pois a vida é simples. E as melhores coisas da vida são simples, assim como Deus é simples.
Penso ainda que se Deus não se fizesse pequeno, em partículas, como poderia entrar no coração de cada um de nós? Se Deus não fosse tão grandioso não se faria tão pequeno para entrar na nossa pequenez?
Então enquanto muitos perdem tempo buscando o caminho para encontrar atalhos, enquanto muitos perdem tempo buscando o caminho para as Índias, nós devemos ganhar tempo, louvando, bendizendo, a Deus, por Ele ser tão maravilhoso, lindo, paciente, benevolente, grande, grande, grande, para se fazer pequeno para caber dentro de nós.

Filhos Pródigos

Filhos pródigos

Longe de mim, querer ser santo do pau oco ou moralista. Aliás, quem me conhece sabe que sou contra esses falsos moralismos, sou contra esses homens, essas pessoas que julgam a vida dos outros a torto e a direito e se colocam como verdadeiros santos em pedestais.
Digo mais; para aqueles homens que pregam veemente contra a carne à “galera Teen”. Gostaria de vê-los pregando com a mesma forma, se fossem homens sarados, sem gordura localizada, sem verdadeiros “pneus de caminhões” nas cinturas, ou ainda sem automóveis bonitos, ou principalmente: sem dinheiro no bolso. Sem querer julgar ninguém e nem tampouco apontar dedos, fui testemunha de vários “santos do pau oco” que na primeira oportunidade deixaram para trás tudo aquilo que pregavam e lambuzaram-se em tudo aquilo que eram contra. Só que o mais importante de tudo, é que Jesus é o dono de todo perdão.
Mas deixando de fugir do assunto, e como antecipei, sem falso moralismo, observo que é muito difícil para essa geração mais jovem, dizer não aos apelos da carne. Claro que não é impossível, mas na época da internet, do disk isso, disk aquilo, da facilidade com que as coisas se apresentam, somente sabendo bem a direção do Norte que se busca, é que as pessoas, principalmente os mais jovens não caem e se lambuzam. E louvo a Deus por poder ser testemunha ocular de muitos desses jovens que sabem o que querem. Louvo a Deus por testemunhar até mesmo dentro de casa, jovens autênticos que conhecem a direção do seu Norte.
Nessa época do Vale tudo, vale o que vier, o pior é que diferentemente do tempo da canção que o Tim Maia cantava, hoje vale até mesmo homem com homem e mulher com mulher!
Nessa época da droga fácil em todo canto, do álcool que muito embora a mídia ensine que não combina com direção, parece que o recado não chega aos ouvidos daqueles que se dizem “sóbrios”, parece que tudo concorre para que o fogo se una com a palha.
A maioria dos jovens de hoje, vive como se o mundo fosse acabar daqui a uma hora! Daí o sexo desenfreado, daí a perda do sentido da vida. Daí a falta de referência de hombridade e feminilidade. Daí a falta de vergonha de urinar em público, a falta de vergonha de se fazer muitas coisas em público, as vezes se deixando filmar. O prazer momentâneo é feroz e a vida passa em um segundo, o tempo não pára, não pára, não pára não, como dizia Cazuza.
Indo um pouco antes da geração Teen, vemos ainda meninos e meninos que sequer “fazem sombra” determinando suas vontades, seus desejos, suas ordens para os pais, que infelizmente acreditam que educação é para se aprender na escola, com os professores. Daí vemos o que vemos. Filhos criados pelo mundo. Pessoas criadas sem carinho e sem respeito não podem expressar carinho e respeito. Pessoas criadas sem amor, só podem expressar o que viveram. Daí os estupros, as violências gratuitas. Daí vemos jovens marginais assaltando e jogando pessoas do despenhadeiro da avenida Niemeyer.
Mais uma vez, repito, longe de querer ser moralista, na verdade, me revelo um saudosista, de querer ver jovens jogando bola, empinando pipa, brincando de pique bandeira. Me revelo um saudosista, por querer ver lares ao invés de casas, que na verdade, muitas vezes são cada vez maiores e mais vazias. Me revelo um saudosista de ver cadeiras nas calçadas, de ver filhas ou filhos sentados nos colos dos pais, que jamais pensariam qualquer maldade com seus filhos, quanto mais estuprar seus rebentos. Me revelo um saudosista por querer ver filhos obedecendo aos seus pais com um simples olhar.
É muito triste ver jovens disputarem beijos. Quantos mais beijos melhor. Não importa por onde as bocas que beijam tenham passado dois minutos atrás. Em suas contas, em suas estatísticas cada vez mais “deprimentes” não se dão conta das herpes, das cáries, do mau hálito e de tantas outras doenças que ganham de presente pela “fase” teen que muitas vezes não passa nem com a chegada da velhice.
Falando em velhice, longe de querer ser velho, acredito que cada um de nós tem uma história, e que dentro de cada um de nós existe um filho pródigo que gasta sua herança, que come até mesmo a comida dos porcos. Porém também acredito que assim como o mesmo filho pródigo, dentro de cada um de nós existe um pensador que um dia resolve valorizar o amor do Pai, e sendo assim, toma a coragem de retornar à casa Paterna. E quando o faz, ao chegar perto da casa, enxerga o Pai vindo ao seu encontro para um lindo abraço de perdão.
É óbvio que muitos infelizmente não tomam a decisão por terem a vida abreviada quando comiam a comida dos porcos, ou ainda quando estavam com as meretrizes, ou ainda com os falsos amigos. Porém muitos como eu, louvado seja Deus, conseguem chegar são e salvo para o abraço cheiroso, suado e apertado do Pai. Esses como bons “malandros da galiléia” aproveitam a oportunidade e ficam no bom e saudável convívio da Sagrada Família, com sandália nova, com anel no dedo e com uma grande festa, uma linda festa que só os que tem a coragem de amar e pedir perdão conhecem.

Filho Pródigo
Lucas 15, 11-32

Já é mais que tempo de voltar, nada tenho, só me resta o Pai
Vou dizer, me trata como um servo, não valorizei o seu amor

Mas o que é isso filho amado, tanto tempo Eu esperei por ti
Tantas tardes tristes e vazias, te julgava morto e estás aqui

Hoje eu quero a melhor das festas, venham todos, se alegrar comigo!
Ponha logo esse anel no dedo, e as sandálias novas para os pés
Ponha logo essa roupa nova, erga o rosto, eu já te perdoei
Vamos logo, cevem o novilho, pois meu filho, morto, reviveu!

quinta-feira, 5 de março de 2009

No teu Santuário

No teu Santuário
Marcos 1, 40-42 - Marcos 10, 46-52 - Lucas 8, 43-48


Quando eu entro aqui, Senhor, no teu santuário
A tendência é desviar o olhar, pois sou pecador
Ao prostrar meu coração eu ouço tua voz me dizendo
Não te acuso, só te amo, que bom que você voltou aqui

Logo o servo e o seu Senhor se unem num grande amor
Vejo a lepra ser curada, e só faço agradecer
As escamas dos meus olhos, uma a uma caem ao chão
Vejo o fluxo de sangue se estancar de vez.

É bonito e intenso o momento, embora muitas vezes curto, em que passamos diante do Senhor, no Sacrário. Lá no Santo dos santos, existe um encontro primeiramente conosco, com as nossas misérias, com o nosso eu, e posteriormente com Deus. Aliás a própria palavra DEUS no português, vem nos mostrar como se dá o nosso encontro com Ele. O D do início e o S do final com o EU no meio, já demonstra claramente que DEUS envolve o nosso EU. Deus nos protege, A palavra Deus revela que Ele nos envolve já na própria palavra, e não apenas com o Verbo divino. O Verbo encarnado, o Deus que se fez homem para nos resgatar das trevas.
Mas como narrava, lá no Sacrário, não existe jeito de nos escondermos, somos nós e Deus. Nós com nossas misérias e Deus repleto de misericórdia. Nós com os nossos pecados e Deus pleno de santidade. Nós com as nossas lepras, cegueiras, paralisias espirituais, e Deus cheio de cura nas mãos para nos dar.
É apaixonante, é verdadeiramente sem explicação observar que um Deus lindo, maravilhoso, cultua tanta paixão por um povo tão rebelde, “cabeça dura”, e infiel como nós.
Obviamente também é apaixonante observarmos que cada vez mais que sabemos sobre Deus, na verdade menos sabemos, e vemos que temos muito ainda para aprender. É gratificante quando seguimos os passos de Jesus, que nos adverte que no mundo nós teremos tribulações, porém Ele venceu o mundo! Ao mesmo tempo que é poético, é vivificante!
Por isso, cada vez que te sentires abandonado, experimente a companhia de Jesus no Sacrário. Cada vez que te sentires “derrotado”, busque a vitória no Rei dos reis. Cada vez que te olhares injustiçado, busque a justiça, no Justificador. Cada vez que te sentires faminto, sacie a fome espiritualmente no Pão dos céus. Cada vez que te perceberes humilhado, busque consolo naquele que se humilhou por você e por mim e foi despido no alto da cruz. E não se esqueça de nos momentos de alegria, de vitória, louvar e bendizer o amigo, que sempre nos espera ansioso, para uma “conversa franca” na casa dele. O que tu ainda estás esperando? Vá, agora, o Senhor te espera ansioso!

Arnóbio Moreira

quarta-feira, 4 de março de 2009

MULHER

M U L H E R

No livro dos Gênesis (o primeiro capítulo da Bíblia Sagrada) vemos a narração do início do mundo. E na sua linda poesia, o Grande Poeta e Autor de tudo e de toda a criação, mais precisamente depois de ter feito os céus e a terra, formou o homem do barro da terra. Posteriormente, “vendo que não é bom que o homem esteja só” (Gênesis 2,18a) deu uma ajuda adequada ao homem.
Vejo a partir desse ponto, que Deus na sua infinita e grandiosa sapiência viu que o homem sem a mulher não está completo! Daí, aprendo também que a necessidade da mulher na vida do homem se dá desde o seu nascimento. É preciso um útero e não um barro para o homem ser gerado (já a partir do filho de Adão). É preciso um colo materno, é necessário um carinho diferenciado de mãe, é preciso do leite, do calor, do conselho, da palmada materna, do beijo, da proteção que somente uma mãe sabe como dar.
Vejo ainda que a necessidade de uma mulher, de uma mãe, é tão forte, é tão grande, que até para enviar Seu Filho à terra, Deus escolheu uma Mulher, uma jovem virgem, pura, que por conhecer e sondar o coração daquela jovem a escolheu como Mãe do Salvador. Escolheu o aconchego do útero, do ventre da Virgem Maria como morada do Menino Deus.
Continuando na minha viagem imaginária e gratuita, fazendo uma espécie de retrospectiva, vejo que Deus sempre colocou no meu caminho, mulheres guerreiras, amigas, companheiras, para que elas me ajudassem a viver. Sinceramente louvo a Deus por minha mãe, por algumas avós e mães emprestadas que a vida também tratou de me arrumar. Louvo a Deus pelas mulheres que passaram por minha vida e principalmente pela mulher que passou, lutou, e ficou em minha vida, investindo sem pestanejar, no amor. Louvo a Deus por tantas amigas, tantas colegas, louvo a Deus por minhas irmãs de sangue e de coração. Louvo a Deus por minha filha, que na verdade me ensina mais do que propriamente eu a ensino.
Voltando ao livro do Gênesis, aprendo que a mulher é uma espécie de obra final da criação de Deus. Deus quem sabe deve ter percebido que faltava um toque de beleza nesse mundo tão bonito. Faltava a flor do jardim do Éden do homem. Faltava a essência que não havia em nenhuma das flores. Faltava o ombro frágil e torneado que agüentaria fortes cruzes. Faltava aquela que seria chamada de sexo frágil, mas que na realidade seria o sexo forte.

Mostra-me um lugar bonito, que eu o torno ainda mais com a presença da mulher
Um perfume, uma flagrância, e ele fica mais cheiroso se no corpo da mulher
Lapidado pelas próprias mãos de Deus, a mulher tem seu encanto em cada canto
Homem nenhum, ainda se abandonado, consegue vir ao mundo sem uma
E depois de criado, não consegue se realizar, se ao seu lado não passou uma mulher
Realmente, eu tenho que concordar com o Criador. Não é bom que o homem esteja só.


Arnóbio Moreira