quinta-feira, 30 de abril de 2009

Hier encore

Ouvindo a canção Hier encore, do grande cantor e compositor francês Charles Aznavour, e mergulhando na tradução da própria canção, eu não pude conter algumas lágrimas, nem tampouco conter a “viagem” através do tempo. Sendo assim, me enxerguei com vinte anos. Enxerguei então meus erros, meus acertos, me olhei no passado com medo do futuro, com as incertezas que certamente um jovem pobre com vinte anos, traz no peito.
O detalhe, é que diferentemente da letra da canção, eu nunca brinquei de viver, mas como na canção, eu também fiz muitos projetos que ficaram no ar. Eu também desperdicei muito do meu tempo, eu também criei alguns vazios em torno de mim. Ainda como na canção, eu imobilizei sorrisos e congelei meus choros algumas vezes.
Nessa “viagem” ouvindo Hier encore, eu pude rever vários momentos de tristezas e alegrias, mentiras e verdades, loucuras boas e loucuras ruins. Pude ver sem esquecer da ótica do perdão, os traumas e feridas, os que fiz e os que fizeram em mim. Eu pude ver ainda agressões verbais que me fizeram e que eu também fiz.
Pude ver o filho que não fui, mas que gostaria de ter sido. Pude ver o pai que eu não fui, mas que também gostaria de ter sido. Pude ver o irmão, o amigo, o marido, o ser humano que mesmo longe dos meus vinte anos, ainda não sou.
Hoje, como bem diz a letra da canção, além de algumas rugas na fronte e com medo (não do tédio, mas da própria vida); eu busco errar menos do que quando eu tinha vinte anos. Com o tempo, aprendemos que não devemos desperdiçar o tempo. Afinal de contas, Hier encore, j’avais vingt ans, ou: ontem ainda eu tinha vinte anos. O tempo passa muito ligeiro! E como algumas esperanças, o tempo também bate as asas e nos deixa olhando para o céu com o coração posto na terra.
O mais importante, é que assim como o filho pródigo, eu tive tempo de refletir e voltar à vida. Eu pude refletir e agir como o filho pródigo, como o marido pródigo, como o pai pródigo, como o irmão pródigo, que do melhor e do pior tirou alguma coisa de lição, não para petrificar sorrisos e congelar choros, mas para chorar, sorrir, e recomeçar sempre que preciso.
O mais interessante de tudo é que tenho a convicção de que não posso ficar estático, olhando para os meus vinte anos que tinha ainda ontem, mas o que posso fazer é acreditar em Deus, que em Deus, o amor que trago no peito, a vontade que tenho de acertar, me fará alguém melhor amanhã, para quem sabe daqui há vinte anos eu muito mais feliz ainda diga: ontem ainda, eu tinha quarenta anos, cinqüenta anos, sessenta anos!

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Obrigado Amigos

Obrigado Amigos

Vemos o mundo, a mídia, celebrando um dia, uma data para várias coisas. Temos o dia das mães, o dia dos pais, o dia das crianças, o dia das bruxas (o que sinceramente acho ridículo, pois é uma tradição norte americana e não tem nada vezes nada que se encaixe com as nossas tradições). Temos ainda o dia dos mestres, dos professores, temos o dia dos santos e de todos os santos, que também acho um absurdo fazer todo o país parar por causa disso, e para não alongar tanto o texto, temos o dia do amigo.
Bacana, celebrar o dia do amigo, mas o dia do amigo, assim como o dia dos pais, o dia das mães, é todo dia! O amigo é uma espécie de auxiliar do nosso anjo da guarda, é um confidente, uma espécie de ombro, de bengala, de lenço que enxuga as nossas lágrimas. Enfim o amigo é o que nos procura e também o que procuramos justamente porque sentimos ventura em nos ver ou vê-lo, em nos ouvir e consequentemente ouvi-lo.
O amigo nos conhece pelo olhar, pela voz, pela forma da sombracelha “que não está no lugar”. O amigo é o companheiro, é o guerreiro, é o que diz as verdades não para ferir, mas para edificar. O amigo é o que conta piadas, que divide as risadas e lágrimas, é o camarada que “sacaneia”, “tira um sarro”, sem jamais invadir o território que está além do nosso peito. O amigo é o que caminha junto, o que pára junto, o que não mede esforços nem distâncias para estar presente quando se faz necessário. O Autor Sagrado nos diz que “o amigo ama em todo o tempo, na desgraça, ele se torna um irmão”. (Provérbios 17, 17) O Autor Sagrado ainda nos diz em forma de promessas: “um amigo fiel é um remédio de vida e imortalidade; quem teme ao Senhor achará esse amigo”. (Eclesiástico 6, 16) O mesmo Autor Sagrado ainda nos orienta: “Um amigo fiel é uma poderosa proteção: quem o achou, descobriu um tesouro”. (Eclesiástico 6, 14).
Dou graças a Deus de verdade, por Deus ter me presenteado com alguns amigos. Alguns inclusive Ele já chamou ao seu convívio no céu, (acredito até que é porque o céu precisava de mais santos para interceder por nós). Outros amigos, a vida por si própria, tratou de afastá-los do meu convívio, mas nunca do coração. Alguns poucos ainda estão sempre, sempre próximos aos meus olhos e coração.
Então, falando de amigo. Aliás, escrevendo sobre o amigo, homenageando e refletindo sobre eles, eu venho expor mais uma vez meus pensamentos e agradecer especificamente a um grande amigo (que certamente não só meu) mas creio de todos. E o interessante é que Ele mesmo disse que não nos chamaria mais de servos, mas de amigos, pois nos deu a conhecer tudo quanto ouviu de Seu Pai. (João 15, 15)
Falando de amigo, faço dessas letras que escrevo, uma homenagem ao meu maior amigo, que me compreende, não me abandona mesmo quando erro, mesmo quando peco. Me acolhe, sara as minhas feridas, trata das minhas lepras, das minhas misérias e sabe mesmo sem que eu fale (de todas elas). Esse meu amigo, retirou minhas algemas, quebrou as grades que me prendia, com o preço de sua própria vida.
Falando de amigo, mais uma vez agradeço ao Bom Pastor, ao Mestre dos mestres, ao Justo que nos justificou na cruz, e que ressuscitou, vencendo a morte para que eu e os seus amigos tenhamos a vida eterna.
Antes de finalizar o texto, agradeço aos meus amigos por me aceitarem, por me amarem, por partilharem comigo, sonhos, planos, vidas, passados e futuros. E agradeço a Deus, por colocar amigos no meu caminho.
Obrigado meu Deus. Ao Pai, por dar a vida e me atrair ao Filho. Ao Filho, por me justificar na cruz e por me chamar à intimidade. Ao Espírito Santo, por viver dentro em mim, me inspirando, me movendo, sendo o dínamo que move dentro do meu peito. Obrigado, meus amigos.

Arnóbio Moreira

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Foi ontem

Foi ontem

Foi ontem, ao te ver correndo, ao ver teus cabelos ao vento
Eu vi como o tempo é ligeiro, foi ontem que eu te vi nascer
Foi ontem, em meio às chupetas, fraldas, sorrisos, caretas
Que vi os seus primeiros passos, ouvi as primeiras palavras, enfim

Por que o tempo passa assim tão ligeiro?
Por que filhas crescem meu Deus?
Por que as bonecas não são tão amigas e deixam as meninas de lado?
Por que filhas crescem, pra que filhas crescem? Perdoa, egoísmo é pecado!

Foi ontem, ao te ver estudando, bem séria, tão compenetrada
Lembrei dos primeiros cadernos, dos livros, das folhas pintadas
Foi ontem, catavas conchinhas, brincavas na areia da praia
Foi ontem, é o passado presente, presente de Deus que me escapa, enfim

terça-feira, 14 de abril de 2009

Os teus lindos olhos castanhos

Os teus lindos olhos castanhos

Os teus lindos olhos castanhos, de pronto, chamam sempre a atenção
São como noite de lua cheia com serenata e menestrel
Os teus lindos olhos castanhos, falam coisas mesmo quando te calas
São como um livro de poesia, transmitindo amor, alegrando a vida

Os teus lindos olhos castanhos, de longe, o brilho atrai meu olhar
São como estrelas em noite clara, são como as ondas beijando o mar
Os teus lindos olhos castanhos, que enlevam quando falas da cria
São como as flores na primavera, encantam poetas e os seres normais

Os teus lindos olhos castanhos, sinceros, são como um blues
Expondo sentimentos de amor, de dor ou de alegria
Os teus lindos olhos castanhos, retratam um tango argentino
Com Bandonéon e violino, e são sensuais por demais.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Em Cristo, nós somos família

Em Cristo, nós somos família
Efésios 2, 13-20 – Atos 2, 1-13

Saiba que a sua alegria é a minha alegria
Saiba que a sua tristeza também me contagia
Sorrisos e abraços, tristezas e lágrimas, melhoram se são divididos
Por entre irmãos e amigos, que são um em Cristo Jesus

Em Cristo, nós somos um só, com um só sentimento em comum
Com as marcas e dores, com cantos e cores, com o cheiro das flores do céu
Em Cristo, nós somos família, o sangue é o mesmo da cruz
E o Espírito é o de Pentecostes, que nos une no amor.


Arnóbio Moreira

.-.-...-.-.--.

É interessante como ultimamente vemos tantas conversas de tal ministério, tal banda, tal movimento dentro da Igreja, querer se tornar Comunidade ou Fraternidade!
Padre Alex Coelho, (aliás quantas saudades das homilias, quantas saudades do amigo, do padre, quantas saudades!) Mas como narrava, padre Alex Coelho, fala que o difícil não é começar um trabalho dentro da Igreja, mas o difícil é perseverar no trabalho dentro da Igreja. As pessoas, principalmente as pessoas que estão à frente, devem ter liderança em Deus, ouvindo sempre atentamente o próprio Deus, com preocupação em ser exemplo para os demais companheiros, sem ser pedra de tropeço.
Comunidade ou Fraternidade se vê nas ocasiões de dificuldade e não quando se reúnem para uma “oração marcada”. Comunidade ou Fraternidade se enxerga é quando determinado membro não possui dinheiro para fazer uma pequena festa que seja de aniversário para ele ou para o filho ou filha, e a comunidade se preocupa, se cotiza para justamente ajudar na alegria dele, do filho ou da filha daquele irmão em Cristo. Comunidade se observa, quando mesmo sem precisar, os irmãos percebem (sem precisar de fofocas) que começou a faltar o alimento na despensa do fulano ou do cicrano. Comunidade se demonstra quando um casal ainda não percebeu que seu casamento não segue “nos devidos padrões” e os irmãos já oraram (de novo sem fofocas) e já marcaram um encontro de casais para que o casal o faça. Comunidade é isso, comunidade é a comum unidade na alegria, na tristeza. Comunidade é sorrir com o sorriso do outro, é chorar com o outro, é aconselhar sem humilhar, é amar simplesmente amando.
Sem querer julgar, mas apenas observando, faço das palavras do padre Alex, as minhas palavras. E oriento às futuras comunidades e fraternidades que para ser comunidade ou fraternidade é preciso perseverar na doutrina dos apóstolos, nas reuniões em comum, na fração do pão e nas orações. E um detalhe é ainda primordial: a união. (Atos 2, 42-47)

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Sobre a "Carta de Dom Helder Câmara"

Sobre as reflexões de Dom Helder Câmara

Circula na internet, notícias sobre um livro psicografado com reflexões de Dom Helder Câmara.
Respeitando a fé de muitos irmãos, gostaria de baseado no Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas, dizer que não acredito na veracidade do fato. Mesmo com o livro afirmando que tenha a participação de um monge beneditino, teólogo e que no caso, foi secretário do bispo e arcebispo emérito de Olinda e Recife.
Começando como citei, pelo Evangelho de São Lucas, na parábola do rico e Lázaro, vemos Jesus afirmando que, “além de tudo há entre nós e vós um grande abismo, de maneira que, os que querem passar daqui para vós não o podem, nem os de lá para cá”. (Lucas 16, 26)
Dando continuidade ao pensamento, a Bíblia nos orienta: “Não vos virareis para os adivinhadores e encantadores; não os busqueis contaminando-vos com eles. Eu sou o SENHOR vosso Deus. (Levítico 19: 31). E ainda: “Não se ache no meio de ti quem faça passar pelo fogo seu filho ou sua filha, nem quem se dê à adivinhação, à astrologia, aos agouros, ao feiticismo, à magia, ao espiritismo, à adivinhação ou à invocação dos mortos, porque o Senhor, teu Deus, abomina aqueles que se dão a essas práticas, e é por causa dessas abominações que o Senhor, teu Deus, expulsa diante de ti essas nações. Serás inteiramente do Senhor teu Deus. As nações que vais despojar ouvem os agoureiros e os adivinhos: a ti, porém, o Senhor, teu Deus, não o permite.” (Deuteronômio 18, 10-14) “Assim morreu Saul por causa da transgressão que cometeu contra o SENHOR, por causa da palavra do SENHOR, a qual não havia guardado; e também porque buscou a adivinhadora para a consultar”. (1 Crônicas 10:13).
Por essas e outras, mesmo amando e tendo amigos e parentes espíritas, não posso me calar meneando a cabeça afirmativamente e deixando passar a verdade. Se por acaso eu me calar, as pedras podem falar no meu lugar, e eu não sou menos que pedras, afinal sou mais que pássaros, sou mais que pedras, sou filho adotivo de Deus.
Mesmo admirando o trabalho social que nossos irmãos ditos de “mesa branca” fazem com o social, eu me nego a compartilhar da credibilidade de que um arcebispo morto em 29 de agosto de 1999, tenha escrito qualquer coisa que seja após sua morte. Creio sim, que os seus ensinamentos, sua vida, foram exemplos de santidade e que ficaram sim, após sua morte.
Infelizmente posso antecipar não como “adivinho”, que futuramente mais pessoas, como: padre Léo, padre Carlos Henrique, Irmã Dulce, e tantos outros que já foram ter um encontro com Deus, “usarão as penas mediúnicas” o que na verdade é uma pena!
Finalizo dizendo aos irmãos, principalmente aos que acreditam na “carta de Dom Helder, que se firmem nas cartas de Paulo, nas cartas de Pedro, nos livros da Bíblia. Finalizo dizendo que os amo, e que não sou o dono da verdade, sou apenas um pecador que busca a verdade no único caminho, verdade e vida, que é Jesus Cristo.