terça-feira, 24 de março de 2009

Será que me conheço?

Será que me conheço?

Será que me conheço, no fundo, de verdade?
Será que o pecado mascarou meu próprio eu?
Eu sei que o meu preço foi pago lá na cruz
Com coroa de espinhos, com cravos nas mãos e nos pés do meu Deus

Preciso me conhecer, preciso me converter
Pois me conhecendo, eu acabo vencendo este espinho em minha carne
Preciso me conhecer, pra te conhecer bem mais
Pra eu que eu possa ter a paz, pra que eu seja sal e luz

.-.-.-.-.-.-.-.-.--.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.

Noite dessas, ouvindo uma palestra do Mário Anderson da Banda Novo Viver, pude relembrar de algumas coisas. assim como também pude aprender, com esse grande canal de Deus, sobre o nosso auto-conhecimento. E veio a pergunta que não quis calar: será que nos conhecemos de verdade?
Então pude relembrar que: “se conhecer”, na verdade é se provar. “Saber o gosto de si mesmo”. Sendo assim, se conhecer é saber da própria miséria. Se conhecer, na verdade, é se reconhecer totalmente dependente de Deus, (que na verdade é tudo em nosso nada)! Se conhecer, é poder se olhar sem máscara, sem desculpas, é cuidar para que o espinho na carne não nos leve ao vício de apenas olhar o chão. Se conhecer, é olhar-se totalmente nu para o Cristo e sair do barco, mergulhando, nadando em sua direção, porque Ele já está aguardando com a fogueira acesa, para ali mesmo na fogueira preparada para assar os peixes, curar, e ouvir de cada um de nós, a mesma resposta de Pedro: Mestre, Tu sabes que te amo.
É interessante como vejo ainda nos dias de hoje, pessoas engajadas na Igreja, que na verdade não se conhecem e que acham que se conhecem. Sem perceber, elas acabaram mascarando a verdade para si próprias. É triste, é penoso ver que, algumas pessoas se confundiram com o novo de Deus. O novo de Deus não significa apenas buscar o reino de Deus, mas primeiramente buscar o reino de Deus, que o mais nos será dado por acréscimo. É interessante como ainda vemos pessoas na Igreja, mas sem alegria. É inacreditável observarmos o número de pessoas novas mas com o jeito velho. Pessoas que se esquecem que um dos frutos do Espírito Santo, é a alegria. Porém para se ter alegria, é preciso que se viva com entusiasmo. E entusiasmo significa ter Deus dentro de nós.
Sou testemunha de que muitas pessoas que perderam o entusiasmo, porque no passado, justamente por não se conhecerem, ou não conhecerem a própria família, deixaram brechas com suas ausências, quando “abandonaram suas casas”, dizendo que Deus cuidaria delas, enquanto seus respectivos filhos, esposas, maridos, ficassem sozinhos, porque afinal de contas, eles tinham um chamado, eles tinham que servir a Deus. A conseqüência desse abandono, o resultado dessa “idéia maluca” para muitos e muitos que foram atrás de idéias frívolas, foi bastante triste. E o pior de tudo, é que muitos desses antigos servos, hoje, ainda culpam a Deus, e não a si próprios, por não terem verificado que a primeira Igreja é a doméstica.
A Bíblia também fala do Espírito Santo como força, como dínamo, energia, luz. E entusiasmo é justamente isso. É ter Deus dentro de nós. E se perdemos a alegria e o entusiasmo, é provável que nos afastemos da presença de Deus. E quando nos afastamos de Deus, encontramos o desamor, a mentira, a máscara, o pecado...
É interessante ainda que observemos que Deus observa a nossa conversão não apenas quando levantamos as mãos em sinal de rendição, não apenas quando dobramos os joelhos no chão para rezar. Deus também observa a nossa conversão quando abandonamos os vícios, a droga, o adultério, a prostituição ou as ocasiões de prostituição, mas sem julgar o viciado, o drogado, o adúltero, a prostituta. É preciso ruminar a Palavra para observar que “para os puros todas as coisas são puras. Para os corruptos e descrentes nada é puro; até sua mente e consciência são corrompidas”. (Tito 1,15) Aliás, o próprio Jesus nos disse, que as meretrizes nos precederão no reino dos céus. (Mateus 21, 31)
Se conhecer é olhar para o espelho interior e no reflexo reconhecer-se fraco, miserável e pecador, mas crendo piamente na misericórdia de Deus que é a força na nossa fraqueza. Se conhecer é reconhecer que Jesus jamais nos abandona, pois é da natureza divina insistir e acreditar nas pessoas.
Mas voltando à pergunta citada no início feita pelo Mário Anderson, se me conheço? Digo que é justamente porque me conheço pouco, que sei dos muitos e muitos caminhões de sucata que Deus ainda precisa retirar da minha vida. É justamente porque me conheço pouco, que eu vejo que o muito da minha irritação, do meu “pavio curto”, que tanto me atrapalha na caminhada, deve ser dominado. Mas louvado seja Deus, falando muito honestamente , muito embora eu quase não aja como a Palavra de Deus nos ensina quando nos diz: “não cedas prontamente ao espírito de irritação; é no coração dos insensatos que reside a irritação”. (Eclesiástico 7, 9) ou ainda: “todo homem deve ser pronto para ouvir, porém tardo para falar e tardo para se irar”. (Tiago 1, 19). Mesmo não agindo dessa forma, eu busco de verdade, fazer o que Deus quer quando nos nos diz: “mesmo em cólera, não pequeis. Não se ponha o sol sobre o seu ressentimento”. (Efésios 4, 26)
Renunciando à mentira, falando ao meu próximo a verdade, pois somos membros uns dos outros, (Efésios 4, 23-24) afirmo que se existe algum irmão pensando que guardo mágoas ou ressentimentos, ele se engana! Quando eu digo as verdades embasado na Verdade às pessoas que por acaso me feriram, eu não retenho a falsidade, eu não mascaro o sentimento, eu jogo por terra toda a mágoa e sou curado. Consequentemente não guardo nada me mau no meu coração.
Quanto às discussões que podem haver dentro de cada pastoral, em cada ministério, ou em cada comunidade; em Atos dos Apóstolos, vemos Paulo discutir com Barnabé, Paulo discutir com Pedro (mesmo este sendo chefe da Igreja) (At 15, 1-40) Porém a discussão acaba ali, pois depois vemos Paulo ajudando a Igreja de Jerusalém, quando Pedro vai ao seu encontro pedir ajuda. Mostrando que a discussão, o falar a verdade, muitas vezes é preciso para o próprio crescimento da comunidade.
No mais, sigo acreditando em Deus e em sua Palavra que diz: “Sabemos que nosso homem velho foi crucificado com Cristo, para que seja reduzido à impotência e já não sejamos escravos do pecado”. (Romanos 6, 6) E mais: “justificados pela fé, temos a paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo”. (Romanos 5, 1). E ainda: Se me conheço pouco, tenho muito da convicção de Paulo. Ou seja: sei perfeitamente da minha realidade de pecador, mas quero caminhar buscando as coisas do alto. Quero dizer de coração, assim como o próprio Paulo, citando o profeta Jeremias. “Seduziste-me Senhor, e eu me deixei seduzir” (Jeremias 20, 7).

Nenhum comentário:

Postar um comentário