terça-feira, 10 de março de 2009

Eu sou do tempo...

Eu sou do tempo...

Eu sou do tempo que a palavra já bastava, a amizade era sagrada, e os filhos pediam a bênção para os pais. Eu sou do tempo que o leite vinha em garrafa e a luz da rua era de graça, como a graça na TV.
Eu sou do tempo do Chico City, do Pantaleão, do Silva, do Alberto Roberto. Sou do tempo do Viva o Gordo com Capitão Gay e Carlos Sueli. Sou do tempo do Satiricon, do Balança mas não Cai. Sou do tempo do Golias, do Grande Otelo, dos Trapalhões. Eu vi Costinha, Mazzaropi no cinema, vi Lúcio Mauro recitando o seu “poema das mãos”.
Eu sou do tempo do Rum Creosotado, do Maracanã lotado, mas sem briga ou facção. Eu sou do tempo do Tostão, do Rivelino, do Roberto Dinamite, e tantas vezes vi o Zico com o Mengão ser campeão.
Eu sou do tempo que as compras eram no “prego”. Mas as compras eram pagas, pois palavra e sobrenome eram a extensão do céu. Eu sou do tempo do Bee Gees, da Elis, do Blue Magic, do Stylistics, do Nelson Gonçalves, do Altemar, do Kenny Rogers, do 14 Bis.
Eu sou do tempo da tv em preto e branco, da radio vitrola, das praças com bancos sem spray, sem pichações, tudo limpinho. Eu sou do tempo Repórter Esso, da revista O Cruzeiro com o Amigo da Onça. Eu sou do tempo da Varig, da Vasp, da Status, com a Sandra Bréa na capa, quase vestida.
Eu sou do tempo da Ducal, da Bemoreira, do Fantástico com o Cid Moreira, sou do tempo em que se via desenhos e não essas besteiras que só promovem o ódio e a guerra. Eu sou do tempo do pódio do Ayrton Senna aos domingos, do Oscar vestindo a 14 amarelinha, sou do tempo em que o brasileiro entrava em campo com a camisa doze, jogando contra qualquer país.
Eu sou do tempo em que se aprendia com os pais, cidadania e tudo mais, honestidade com o direito de ir e vir. Eu sou do tempo do amor, da piedade, sou do tempo em que alguém se levantava para dar lugar na “condução” ao ancião ou à gestante.
Eu sou de um tempo quase agora, mas quando chegar minha hora, vai comigo a convicção de que muitas coisas erradas do tempo atual não chegaram a me desvirtuar, ou sobrepujar os conselhos e conceitos aos quais fui ensinado. Conceitos esses que pude também deixar para os meus, graças a Deus!
Sem mais “delongas”, um forte abraço de um quarentão que se fosse cantar a música do Fábio Júnior cantaria...
Eu não abro mão, nem por você, nem por ninguém eu me desfaço dos meus planos, quero saber bem mais que os quarenta e tantos anos.

2 comentários:

  1. Todos nós somos fruto e árvore do nosso tempo. Isso porque somos produtos e criados de uma época... Gostei muito dos textos que li em seu blog. Dificilmente encontram-se blogs com tantas postagens e com um conteúdo limpo, sem falar nada de ninguém, e que reprova esta ação... Só não gostei de uma coisa... Você além de ser filho, pai, marido poeta e o escambal é tio também (risos). Deus te abençõe meu tio e amigo...

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