terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Homenagem às mulheres

Homenagem às mulheres

A revista “ISTO É” desta semana (nº 2146), que fala sobre as mulheres na vida de Jesus, me inspirou a escrever esse último texto do ano. Imitando justamente o Mestre, faço então uma homenagem às mulheres, esse ser humano fantástico, que não é somente canal de Deus para gerar vidas, mas é ainda instrumento de Deus para gerar ensinamentos com a própria vida. Ensinamentos de, dedicação, de garra, de luta “mesmo nos períodos em que sangram”. E esse sangrar é dúbio. É o do período da ovulação e o do sangrar interior da alma.
Sou de um tempo em que os pais criavam seus filhos olhando a figura da mulher unicamente como alguém que era criada para cuidar da família, da prole. As mulheres se formavam “quando se formavam” para deixar o “canudo” pendurado na parede.
O subjugar da mulher, que muitos afirmam que vêm do Antigo Testamento, da figura de Eva, “que cedeu à tentação do encardido”; se olharmos atentamente, no Novo Testamento, veremos em Jesus, a valorização da mesma. Veremos inclusive que elas foram testemunhas oculares em momentos-chave da era cristã, como a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. Aliás, a era cristã, começa com a Mãe de Jesus, a escolhida por Deus para nos trazer o Salvador. Infelizmente muitos irmãos protestantes que não são profundos conhecedores das ações de Martin Luther (1483-1546), não sabem que era devoto da Virgem, e que ele jamais viu Maria como uma qualquer, até porque ela não foi somente a genitora do Messias, mas foi a figura feminina mais importante na vida de Jesus, ficando com Ele até o final. Vemos em Maria, a personificação da mulher corajosa, da mulher cheia de firmeza, pois mesmo correndo o risco de ser apedrejada até a morte, pois poderia ser “tachada de adúltera”, mesmo assim seguiu até o final com os planos de Deus.
Continuando ainda, vemos que, no tempo de Jesus, a mulher, assim como os pobres, os estrangeiros e os doentes, viviam à margem da sociedade. E justamente à margem da sociedade é que Jesus caminhava e continua caminhando, pois na verdade ele veio para os doentes e não para os sãos. E assim, à margem, margeando marginais, Ele encontrou Maria Madalena que depois de exorcizada de sete demônios passou a segui-lo. Aliás, Maria de Magdala, era um braço forte do seu Ministério. E é interessante frisar que Maria Madalena foi a primeira testemunha da ressurreição do Mestre. Foi ela a escolhida para revelar aos apóstolos, a vitória. Aliás, a nossa vitória.
Vemos Jesus valorizando, e se revelando o Messias à mulher samaritana. Mulher sofrida, prostituída pela história, que ia buscar água no sol de meio dia, já que em outro horário lha era proibido. E o encontro com o Mestre radicaliza toda sua vida de tal forma que já ao anunciar os feitos de Jesus em sua vida traz vidas para Cristo. Jesus no episódio da samaritana, assim como com a mulher adúltera, e ainda em Maria Madalena revela que, sua mensagem de amor é para todos.
Vemos Jesus valorizando o gênero feminino também nas figuras de Marta e Maria, as duas irmãs de Lázaro, suas amigas, que ao receberem a visita do Mestre, uma se preocupa com os afazeres da casa, enquanto a outra, escolhe a melhor parte, e senta aos seus pés para ouvi-lo. Assim como o aluno diante do mestre. Maria abandona as regras que a prendiam aos seus afazeres. Marta, preocupada, e principalmente ligada às tradições, fica alheia não somente à boa nova, mas a figura do Bem Querer.
Vemos ainda mulheres que se tornaram íntimas de Jesus de tal maneira que, assim como as citadas também se doaram pela causa do Cristo. Mulheres como Santa Catarina de Siena (1347-1380) considerada uma das doutoras da Igreja. Santa Joana D’Arc (1412-1431) condenada e queimada viva erradamente por herezia. Em 1456 porém o papa Calixto III pediu a revisão do seu julgamento e ela foi não apenas inocentada mas declarada mártir. Em 1909 foi beatificada e em 1920 canonizada. Irmã Dulce (1914-1992) que assim como Jesus, se entregou pela causa da cruz, repetindo os gestos do Salvador na cidade de Salvador, Bahia. Considerada o “anjo bom” da Bahia. Madre Teresa de Calcutá (1910-1997) Nascida na Albânia (país europeu situado na península Balcânica, onde faz fronteira ao norte com Montenegro), mas se naturalizou indiana. Em 1950, fundou a Congregação das Missionárias da Caridade, onde acolhia e educava as crianças pobres. Posteriormente, com o reconhecimento de Roma, passou a cuidar dos leprosos, velhos, cegos, e muitos portadores do vírus HIV.
Então como citei, imitando a Jesus, quero homenagear a todas as mulheres. Minhas amigas, minhas irmãs de sangue ou as que Deus me presenteou durante a caminhada. Quero homenagear as cantoras, as atrizes, em especial a Cissa Guimarães pelo exemplo de força que deu com a perda de seu filho. Quero homenagear as enfermeiras, as médicas que tanto trabalho tiveram com tantas catástrofes que tivemos durante o ano de 2010. Mas especialmente quero frisar algumas mulheres mais próximas. E começo com dona Rosa, (minha mãe) mulher de fibra, guerreira, que mesmo sem ter entrado em uma escola, “devora livros” até hoje, buscando o saber, se nutrindo com as letras, que na infância davam lugar às trochas de roupas, aos ferros de passar, aos potes que tinham que ser enchidos nos rios da Paraíba, já bem distantes da Olinda na grande Recife em Pernambuco, lugar onde nasceu e perdeu seus pais. Quero homenagear dona Amália (minha sogra), mulher que ainda hoje cuida incansavelmente da filha especial. Mulher que é “madeira de dar em doido”, que cuidou dos oito filhos dignamente, bravamente, lavando, passando, cozinhando para ajudar no sustento deles. Quero homenagear dona Maria Isabel (minha madrinha) , que dividia sem nenhuma vergonha, mas com a convicção de um cristão autêntico um pão ou mesmo uma banana para os que chegassem em sua casa. Quero homenagear dona Anália (minha tia emprestada) , que mesmo sem entrar com freqüência em uma Igreja, revelava o Cristo com gestos, com atos de amor ao próximo como poucos. Quero homenagear minha filha Thaís, que desde que começou a fazer “um pouco de sombra”, busca incansavelmente o Cristo, revelando o próprio Cristo no que fala, no que age, no que toca, no que lê, no que escreve, ou seja: com a vida. Quero homenagear minha cunhada Vânia, que cuida e honra na íntegra sua mãe, seu marido, sua família, com a firmeza de uma guerreira. Quero homenagear minha esposa que é mãe, filha, irmã, companheira, serva, “médica” , “enfermeira”, cozinheira, enfim é a mulher que Deus confiou para cuidar de tanta gente. Por fim, quero homenagear dona Dilma Rousseff, pela coragem de reger nosso País, com a batuta de um outro maestro que aprendeu na escola da vida, e por isso conheceu as dissonantes, os bemóis, os sustenidos complicados. Pela intercessão de Maria Santíssima, dona Dilma será uma boa regente. Sendo assim, veremos menos agressões físicas não só no que se diz respeito ao povo mas ao meio ambiente, e conseqüentemente mais respeito. Veremos ainda mais vida e menos morte, seja pelo aborto, seja nos leitos dos hospitais ou através de balas perdidas. Acredito ainda que, teremos mais o direito de ir e vir do que o direito de não ter direito.
Termino esse texto citando o Erasmo que diz: “ Mulher, mulher, na escola em que você foi ensinada jamais tirei um dez. Sou forte, mas não chego aos seus pés.”

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